A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose endêmica transmitida ao homem pela picada de fêmeas de Lutzomyia longipalpis infectadas pelo protozoário Leishmania infantum. No ambiente urbano, os cães são a principal fonte de infecção para o vetor. Em Maceió, a Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ) é o órgão responsável pelo controle da doença, além de oferecer diversos outros serviços com a finalidade de garantir a saúde dos maceioenses.
Para o diagnóstico da enfermidade nos cães, a unidade realiza teste rápido, ensaio imunocromatográfico como método de triagem e ensaio imunoenzimático (Elisa), como método para confirmação, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde.
A gerente de Laboratório e Entomologia da UVZ, Ana Patrícia Tenório, diz que a unidade realiza exames diariamente. “Todos os dias temos técnicos para realização de exames. Além de receber amostras do atendimento ambulatorial e canil da UVZ, o laboratório também colhe amostras por meio de ações externas, que acontecem de forma esporádica, como o trabalho de campo para inquérito epidemiológico, feiras de adoção, Castramóvel e ações nas comunidades”, comenta.
Anualmente, a Unidade de Vigilância de Zoonoses colhe 3.000 amostras de material sorológico. A média de prevalência analisada pelos médicos-veterinários do laboratório da unidade está em torno de 2% a 5%.
“Nossa meta mensal é realizar 250 exames de triagem por mês, totalizando 3.000 amostras ao ano. Mensalmente, dependendo da área em que a equipe do campo esteja, temos uma casuística maior de animais positivos, passando a prevalência de 10%. Quando analisamos anualmente, a média de prevalência é de 2% a 5%. Em Maceió, temos casos de leishmaniose visceral canina confirmados na maioria dos bairros, com maior incidência na parte alta e litoral”, completa Ana Patrícia.
Alta prevalência de casos
A Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Animais Peçonhentos (GDTVAP) divulgou, em março de 2022, o Boletim de Leishmaniose Visceral Canina com dados atualizados sobre a doença na capital alagoana. O documento foi divulgado para alertar a população quanto ao risco de transmissão da doença, além de informar os sinais clínicos nos animais e as medidas de prevenção para eliminação dos prováveis criadouros.
De acordo com o Boletim, no período de 2017 a 2021, a UVZ realizou 50.348 visitas domiciliares para orientação sobre prevenção e coleta de sangue para diagnóstico da LVC (leishmaniose visceral canina).
No total, 13.610 animais foram testados e 437 animais foram reagentes, conferindo uma prevalência acumulada de 2% para os cinco anos. O ano com a maior prevalência foi 2021 com 4,3%. Os bairros com maior número de animais positivos foram Ipioca, Garça Torta, Riacho Doce e Benedito Bentes.
Transmissão
A Leishmaniose Visceral é transmitida por meio da picada do mosquito-palha. O inseto tem como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi, causador da Leishmaniose Visceral.
Sintomas
Os cães acometidos podem apresentar febre irregular, apatia, emagrecimento, descamação furfurácea, úlceras na pele (em geral no focinho, orelhas e extremidades), conjuntivite, paresia do trem posterior, crescimento exagerado das unhas, coriza, diarréia, hemorragia intestinal, edema de patas e vômito.
Nos seres humanos, os principais sintomas são: febre duradoura (de 10 a 15 dias), anemia, perda de peso e fraqueza. Em estágio mais avançado da infecção, a doença pode causar a expansão do fígado e do baço, causada, geralmente, quando o sistema imunológico está comprometido. Nessas situações, o paciente fica mais vulnerável a outras enfermidades.
Medidas de prevenção
Segundo o médico veterinário da GDTVAT, Charles Nunes, a prevenção é a melhor alternativa para que seres humanos e animais não sejam infectados pela doença.
“Se as pessoas evitarem a presença do vetor, elas também conseguem prevenir a leishmaniose. Quando não tratada no ser humano, é uma doença que pode ser letal. Já para os cães, não há tratamento previsto no Brasil. É importante que o tutor do animal faça todo um trabalho de prevenção com vacinas e uso de coleiras impregnadas com repelentes, essas são as melhores medidas de prevenção. Na grande maioria das vezes, a leishmaniose também provoca a morte do animal. Após diagnóstico, os animais ainda conseguem sobreviver entre 6 a 8 meses. Por isso, a recomendação dada pelo Ministério da Saúde é realizar a eutanásia”, explica Charles.
O veterinário também orienta à população para fazer o uso de repelente, principalmente quando estiver em matas ou locais com cachoeiras.
Outras medidas de prevenção
Uso de mosquiteiro com malha fina, telamento de portas e janelas, uso de repelentes, não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e noite) em ambientes onde este habitualmente pode ser encontrado
Limpeza urbana, eliminação dos resíduos sólidos orgânicos de terrenos, de praças públicas e destino adequado dos resíduos
Limpeza de quintais e eliminação de fontes de umidade
Evitar a permanência de animais como galinhas, porcos e equinos dentro de casa
Teste sorológico canino antes de proceder a doação e adoção de cães
Utilização de coleiras impregnadas com deltametrina a 4%
Captura de cães errantes de forma seletiva (animais doentes ou suspeitos)
Contatos
Em caso de dúvidas ou solicitações, a população pode entrar em contato com a Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Animais Peçonhentos através do e-mail: cczendemias@sms.maceio.al.gov.br.
Para solicitações ou denúncias, a população pode utilizar os números: (82) 3312- 5495/3312-6169.