Um levantamento dos animais da orla lagunar de Maceió será realizado no dia 9 de maio pela Prefeitura de Maceió, por meio de uma visita técnica, para identificar quais espécies vivem na região e em que condições são criadas.
A ação será o primeiro passo do comitê implantado para solucionar os problemas gerados pela presença de porcos, galinhas, cavalos e outros bichos, que são criados pelos moradores da região, mas devem ser retirados após a transferência das famílias para os apartamentos do Parque da Lagoa ou de outros residenciais construídos pelo Município.
De acordo com a coordenadora do Gabinete da Causa Animal, Marcella Soares, com a revitalização da orla lagunar, a forma como os animais são criados também terá que passar por mudanças.
Ela aponta que os animais de pequeno porte, como cães e gatos, serão assistidos pela equipe do Castramóvel com atendimento clínico e terão castração garantida se estiverem aptos. E em parceria com a Unidade de Vigilância de Zoonoses, os pets também vão receber doses de vacina antirrábica e teste de doenças zoonóticas em casos suspeitos.
E os animais de grande porte terão que sair de lá por questões ambientais e de saúde, como é o caso dos porcos. Manter pocilgas em área urbana é proibido por lei, mas ainda é possível encontrar suínos às margens da Lagoa Mundaú, nos quintais dos barracos.
“O problema gerado por esses animais na orla lagunar vem de muitos anos. Eles trazem risco para quem transita, e existe ainda o fato de que a população cria de forma indevida, às vezes o animal doente contamina o animal do vizinho ou o próprio cuidador. Por isso, montamos essa comissão, para fazer um estudo sobre quais são os tipos e quantos são os animais, e assim a gente possa tomar as melhores soluções para eles e para a população”, detalha a coordenadora.
Com o diagnóstico, que contará com o trabalho do Gabinete da Causa Animal e da Unidade de Vigilância de Zoonoses, serão realizadas ações paralelas de castração, atendimento clínico e testes de leishmaniose, cinomose, esporotricose, para fornecer o tratamento adequado e eliminar os riscos à saúde da população local.
Em seguida, representantes do comitê se reúnem com a Defensoria Pública Federal para alinhar as regras sobre a presença de bichos na orla lagunar e como realizar o trabalho de retirada, além da orientação da população. E o terceiro passo será reunir líderes dos moradores para comunicá-los sobre as medidas a serem tomadas e como eles podem atuar em conjunto com o Município.
Alternativa de renda
Integra o comitê o secretário de Assistência Social, Carlos Jorge, que irá atuar na busca de alternativas de renda para as famílias que dependem economicamente da criação dos animais, como os carroceiros e criadores de porcos.
Ele aponta entre as soluções, a inclusão dos moradores em programas de proteção social e, em seguida, promover cursos de capacitação profissional para que eles tenham outra possibilidade de geração de renda.
“O núcleo da revitalização da lagoa são os programas habitacionais, mas também, de forma coletiva, estamos pensando nos animais e eles, muitas vezes envolvem geração de renda. Vamos pensar formas de melhorar as condições socioeconômicas dessas pessoas, gerar uma nova perspectiva, mostrar outras fontes de renda e criar essa transição desse cidadão para sair dessa atividade com tração animal para um emprego formal, para empreender. A gente se preocupa com a remoção desses animais, mas também com a dignidade dessa vida, desse ser humano”, reforça.
Também faz parte do comitê o superintendente de Transporte e Trânsito, André Costa, a quem caberá definir as formas de controle do tráfego de carroças pela lagoa e, posteriormente, por toda Maceió.
Ele afirma que uma das soluções viáveis a curto prazo é substituir as carroças com tração animal pelos chamados “cavalos de ferro”, que são veículos fornecidos pelo próprio Poder Público, de material metálico, acoplados a bicicletas ou puxados pelo próprio transportador. A medida já é adotada em outras cidades do Brasil e evita situações de maus-tratos e sobrecarga do cavalo.
A médio prazo, a atividade deverá ser extinta, mas antes devem ser trabalhados projetos sociais que gerem alternativas aos carroceiros.
“A atividade gera alguns riscos à segurança de trânsito. Já houve casos de pessoas embriagadas fazendo a condução das carroças, casos de crianças, pessoas que não têm formação para o trânsito, então existe um risco muito grande de acidentes graves e mortes, além de dificuldades que as carroças trazem para a circulação, para a mobilidade das pessoas”, afirma.