A Coreia do Norte, chamada por alguns de “reino eremita”, nunca mereceu tanto o apelido. Desde o início da pandemia, o país fechou suas fronteiras como forma de proteção contra a Covid-19, o que também afetou sua economia, já abalada pelas sanções internacionais impostas devido a seus programas de armamento.
Segundo o ministério da Unificação sul-coreano, o envio de dinheiro dos refugiados norte-coreanos para seus familiares, que contribui para a economia nacional, caiu 18% em 2021, em comparação com 2019. O regime admitiu em junho que enfrentava uma "crise alimentar".
Além disso, o controle restrito das fronteiras vem perturbando a comunicação. “Os meios tecnológicos que a Coreia do Norte e a China instalaram na fronteira são cada vez mais raros”, conta o pastor Eric Foley, diretor da associação Vox dos Mártires, que atua junto aos refugiados norte-coreanos que vivem na Coreia do Sul.
Ele explica que os norte-coreanos que vivem no Sul ainda conseguem manter uma ligação com seus familiares, que acontece geralmente via a fronteira chinesa. Mas as condições ficaram mais difíceis desde o início da pandemia. “Segundo nossas observações, cerca de 60% dos norte-coreanos [que vivem no vizinho do sul] conseguem manter um contato com seus familiares pelo menos uma vez por mês. No entanto, muitas vezes esses contatos não são diretos e dependem de intermediários”, relata. “Os norte-coreanos estão acostumados a enfrentar muitas dificuldades para se comunicar com seus familiares. Mas agora tudo ficou mais complicado”, aponta.
O líder Kim Jong-um tenta lutar contra o que chama de “influências exteriores” e a comunicação entre norte-coreanos que vivem dentro e fora do país não é bem vista pelo governo. Pyongyang afirma não ter registrado nenhum caso de Covid-19 até agora. No entanto, os casos mais recentes de mortes vítimas do coronavírus na China foram registrados justamente na fronteira com a Coreia do Norte.