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29/03/2022 às 20h21min - Atualizada em 29/03/2022 às 20h21min

O troca-troca de Bolsonaro e o pouco efeito no preço dos combustíveis

Especialistas não acreditam em mudanças na política de preços e veem poucos efeitos para o consumidor final

Por Luana Meneghetti
https://veja.abril.com.br/economia
Economia

Os preços do barril do petróleo estão em queda devido a um novo lockdown na China. As medidas de isolamento em Xangai, maior cidade do país, estão levando a cotação do barril do petróleo Brent, principal referência para o Brasil, a ser negociada no patamar próximo de 100 dólares. Apesar do cenário positivo com as medidas restritivas na China e com a desvalorização do dólar frente ao real, o preço do combustível deve continuar elevado porque a commodity ainda está cara. Segundo especialistas, esse cenário é muito mais relevante para o preço dos combustíveis em si do que a nova troca de Jair Bolsonaro no comando da Petrobras, a segunda em um ano.

Na segunda-feira 28, o governo decidiu demitir o general Joaquim Silva e Luna que ocupava o cargo há um ano. Quem irá substituí-lo é o economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Com a movimentação, as ações da Petrobras fecharam o dia com queda de 2,17%, com os papéis cotados a 31,60 reais. Essa já é a segunda troca que Bolsonaro realiza no comando da Petrobras. A primeira, em fevereiro do ano passado, foi com a demissão de Roberto Castello Branco, quando os preços dos combustíveis já começavam a minar a popularidade de Bolsonaro.

No ano passado, a Petrobras realizou treze reajustes no preço da gasolina e do diesel. Neste ano, foram dois até o momento. O último, em março, veio após quase sessenta dias do primeiro, e foi considerado atrasado pelos especialistas do setor por criar defasagem em relação ao mercado internacional. O próprio Adriano Pires, foi um dos críticos ao atraso da Petrobras em reajustar os preços.

As trocas são vistas com temor, como uma ingerência na estatal, mas especialistas não acreditam em mudanças na política de preços. Após o tombo, as ações da Petrobras voltaram a ser negociadas em alta de quase 2% nesta manhã, digerindo as trocas e com expectativa de continuidade na paridade de preços. “O novo indicado já manifestou ser contra o congelamento”, diz Patricia Krause, economista-chefe da Coface para a América Latina. Bolsonaro já se pronunciou diversas vezes a favor de modificar a atual política de preços.

Assim, o mercado segue otimista com a mudança no comando, mas vê poucos efeitos econômicos para o consumidor final. “Essa é uma troca política e não econômica”, diz Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos sobre Adriano Pires ser um defensor da política de paridade de preços. Embora alguns fatores externos estejam contribuindo para a queda do valor do barril, esses efeitos ainda vão demorar para serem repassados para as bombas, ainda mais considerando que os preços por aqui continuam defasados.

O mercado também conta com enorme volatilidade com o conflito no Leste Europeu, que está gerando altos e baixos nos preços do barril do petróleo. Internamente, a inflação é outro componente que dificulta a queda dos preços nas bombas. O Banco Central já elevou a estimativa para inflação e praticamente zerou as possibilidades de ficar dentro da meta. Além disso, as incertezas fiscais com as medidas populista de Jair Bolsonaro para tentar a reeleição são vistas pela autoridade monetária como um adicional ao risco inflacionário.


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