Após a revelação de que o ministro Milton Ribeiro, do Ministério da Educação (MEC), prorizava agendas de dois pastores, a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL), a bancada evangélica fez uma reunião nesta terça-feira (22) para debater o tema.
As informações são da coluna de Guilherme Amado, do portal Metrópoles. Segundo o jornalista, três integrantes da bancada atacaram diretamente o ministro. A reunião teria decidido não pedir uma conversa privada com Ribeiro.
“Ninguém é louco, ninguém é bobo, né?”, disse o deputado Marco Feliciano (PL-SP), aliado de Bolsonaro, segundo o jornalista. O deputado se referia à nota em que Ribeiro nega as acusações. “A nota infelizmente é um imbróglio sem tamanho. Ele desdiz tudo o que está no áudio. É só isso. Primeiro, ninguém é louco, ninguém é bobo, né? Acredito que o próprio Parlamento vai fazer algum tipo de convocação. Eu quero ouvi-lo pessoalmente. O áudio é uma prova. É no mínimo imoral. Se eu sou o ministro neste momento, eu já teria entregado minha carta e me afastado”, completou.
Um áudio do ministro dizendo que o governo dá prioridade a pedidos de verba negociados por dois pastores que não têm cargos oficiais, mas atuam de forma informal dentro do MEC, atendendo a uma solicitação do presidente Bolsonaro, foi revelado pelo jornal Folha de São Paulo na última segunda-feira (21).
Feliciano disse na reunião que o governo Bolsonaro está “sangrando”.
“Começamos a sangrar ontem à noite [segunda-feira], estamos sangrando o dia todo [terça-feira], hoje à noite nós teremos todos os jornais falando… Acham que é a bancada evangélica. E não temos nada a ver com isso. A situação ficou ruim, acho que não tem como remediar. O estrago já foi feito. Pesou demais sobre nós. Mais uma vez, como evangélicos, fomos expostos ao ridículo. É péssimo para nós. O ministro deve uma explicação para o Brasil todo”, declarou Feliciano, de acordo com o jornalista. “Eu não vejo ele [Milton Ribeiro] como aquilo que nós esperávamos que fosse.”
O parlamentar questionou também a intenção dos pastores em beneficiar os prefeitos.
“Se formos ouvir o ministro, é preciso chamar o prefeito para saber se de fato recebeu alguma coisa e, se recebeu, por que os pastores intermediaram. Eles facilitaram gratuitamente? Ninguém sai de uma cidade para outra, de um estado para outro, apenas para fazer uma bondade, a não ser que seja Madre Teresa de Calcutá”, disse.
Nesta quarta-feira (23), o Estadão revelou que os pastores que formaram um gabinete paralelo no MEC pediram pagamentos em dinheiro e até em ouro para prefeitos, em troca de facilitarem a liberação de recursos federais para a construção de creches e escolas.
O deputado Luis Miranda (Republicanos-DF), vice-presidente da bancada, também criticou o ministro de Bolsonaro, ao lado do presidente do grupo, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
“Escutando os áudios e vendo os documentos, é difícil acreditar que tenha uma desculpa para tal fato. Se nós temos esse sentimento e, a partir dos áudios, entendemos por que deputados não têm seus pleitos atendidos no MEC, não podemos criar defesa para ninguém”, disse Miranda.