11/03/2022 às 11h28min - Atualizada em 11/03/2022 às 11h28min
Operação da PF faz buscas em endereços ligados a deputados federais do PL.
Do UOL, em São Paulo
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O deputado Josimar de Maranhãozinho já foi flagrado com uma caixa de dinheiro Imagem: Cleia Viana/Câmara dos Deputados A PF (Polícia Federal) cumpre hoje mandados de busca e apreensão em endereços ligados a deputados federais do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, por suspeita de desvio de recursos de emendas parlamentares. O caso corre em segredo de Justiça.
Desdobramento da Operação "Ágio Final", deflagrada no fim de 2020, a ação mira os deputados Josimar de Maranhãozinho (PL-MA), flagrado com uma caixa de dinheiro, Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gil (PL-MA).
A suspeita é que os congressistas teriam usado um esquema de desvios articulado por Maranhãozinho, envolvendo empresas de fachada e dinheiro vivo.
Como o caso envolve parlamentares com prerrogativa de foro, a operação de hoje foi autorizada pelo relator da ação no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ricardo Lewandowski, que autorizou buscas nas residências e escritórios dos investigados.
A Corte, contudo, negou o pedido para que a PF fosse aos gabinetes dos parlamentares na Câmara. A PGR (Procuradoria-Geral da República) recorreu, mas o plenário do STF manteve a decisão em sessão virtual.
A operação ocorre um dia antes de evento de filiação do PL, em Brasília. "Será um ato simbólico de boas vindas, já que a formalização tem acontecido nos estados. Servirá como aproximação e também para os candidatos recém-chegados se aproximarem de Bolsonaro", informou o partido.
O que dizem os citados
Procurada pelo UOL, a equipe de Maranhãozinho não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.
"Ainda não temos as informações sobre as ações da Polícia Federal nesta manhã. Estamos aguardando estas informações e assim que tivermos, vamos emitir uma nota oficial sobre o caso", afirmou o gabinete do pastor Gil.
"Não emitiremos notas oficiais. Não podemos nos manifestar oficialmente até termos acesso ao conteúdo das investigações. Todos fomos pegos de surpresa. O deputado deve conversar com o presidente do partido sobre o caso", disse a assessoria de Bosco Costa.
"O PL soube pela imprensa e aguarda outras apurações. Por enquanto, não vamos comentar", disse o partido em nota.
Em outubro, o ministro Wagner Rosário, da CGU (Controladoria Geral da União), disse em uma audiência pública na Câmara dos Deputados que "vários casos" sobre venda de emendas estavam em apuração e que não havia dúvidas de irregularidades.
"Não temos dúvidas de que vai existir corrupção na ponta, agora o nosso trabalho [de apuração] tem que ser bastante cauteloso", afirmou à época.
Maranhãozinho já foi alvo
Em dezembro de 2020, Maranhãozinho foi alvo de uma ação batizada de "Descalabro". Na ocasião, a PF fez buscas em 27 endereços em São Luís e no interior do Maranhão na tentativa de aprofundar uma investigação sigilosa sobre indícios de um esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares destinadas à Saúde do estado.
As investigações apontaram que Josimar destinou as emendas, na ordem de R$ 15 milhões, para municípios do interior do estado do Maranhão, seu reduto eleitoral, e depois recebeu os valores em espécie. Na época, o parlamentar negou irregularidades.
Imagens reveladas pela revista Crusoé no ano passado mostraram o deputado manuseando uma grande quantidade de maços de dinheiro.
Em dezembro, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra o deputado em quatro municípios do Maranhão. De acordo com investigações da PF, a relação de parentesco e ligações pessoais de Maranhãozinho com prefeitos e secretários municipais fazem parte do modus operandi para desvio de dinheiro.