O Brasil registrou 779 novas mortes pela covid-19 nesta sexta-feira, 28. A média semanal de vítimas, que elimina distorções entre dias úteis e fim de semana, ficou em 472, a pior marca desde 5 de outubro. Já o número de novas infecções notificadas foi de 257.239.
Pelo 11º dia consecutivo o Brasil bateu recorde de casos na média móvel, atingindo a impressionante marca de 183.203, o maior número de toda a pandemia. "Estamos vendo uma explosão de casos no Brasil. Estamos à beira de um tipo diferente de colapso que poderia ser evitado com o uso de máscara e ficando longe de aglomeração. O discurso das autoridades está sendo aquém do que a gente esperava. Não é um momento para estar tranquilo", diz Carlos Magno Fortaleza, infectologista e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O médico aponta que é uma explosão de casos nunca vista, algo que está ocorrendo por causa da variante Ômicron. "A proporção de pessoas disseminadoras é muito maior. Somando-se a isso está o fato de que a Ômicron tem um relativo escape vacinal. Sem contar que a população relaxou com as medidas de segurança. Isso tudo, com a sensação de que a covid-19 se transformou em uma gripe, faz com que ocorram recordes dias após dias", afirma. "A grande maioria vai ter um quadro gripal leve, e isso faz com que as pessoas se exponham e transmitam a covid-19. Mas há quem morra."
O especialista reforça que, com um número tão alto de casos positivos, mesmo diante de uma baixa testagem, o número de mortes também vai subir. "O que importa não é a percentagem de mortes, e sim a quantidade. Com a Ômicron, a proporção de pessoas que morrem é menor, e de fato as pessoas vacinadas têm menor possíbilidade, pois com três doses da vacina a chance de internação cai 85%. Mas como o número de casos é astronômico, a pequena proporção de mortes da variante pode gerar números grandes absolutos", avisa.
Carlos Magno lembra que em novembro, todas as estimativas eram otimistas, mas aí apareceu a Ômicron. "O que me preocupa é que estamos com explosão de casos de covid-19 e não se tomam medidas restritivas para frear isso. Se deixarmos do jeito que está, a tendência é que piore até meados de fevereiro. E a redução vai ser interrompida com novo aumento depois do Carnaval. Estamos confortáveis com 300 mortes diárias porque já tivemos 4 mil? Eu não me sinto confortável. Precisamos usar máscaras e reduzir eventos com muitas pessoas", comenta.
No total, o Brasil tem 625.948 mortos e 25.040.161 casos da doença. Os dados diários do Brasil são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde, em balanço divulgado às 20h. Segundo os números do governo, 22.162.914 pessoas estão recuperadas.
O Estado de São Paulo registrou 285 mortes por coronavírus nesta sexta-feira. Outros cinco Estados superaram a barreira de 30 óbitos: Ceará (92), Paraná (58), Minas Gerais (44), Santa Catarina (40) e Rio Grande do Sul (31). No lado oposto, o Acre registrou apenas uma morte enquanto Roraima não teve óbitos.
O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 Estados e no Distrito Federal. A iniciativa inédita é uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia, mas foi mantida após os registros governamentais continuarem a ser divulgados.
Nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde informou que foram registrados 269.968 novos casos e mais 799 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. No total, segundo a pasta, são 25.034.806 pessoas infectadas e 625.884 óbitos. Os números são diferentes do compilado pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados.