“Os protocolos definidos pela Anvisa para operação dos navios de cruzeiro no Brasil trouxeram dispositivos que permitiram acompanhar o cenário epidemiológico nas embarcações durante quase dois meses e foram fundamentais para se identificar rapidamente a alteração no número de casos a bordo na penúltima semana epidemiológica de 2021”, diz nota enviada pela agência reguladora nesta quarta-feira (12).
No dia 31 de dezembro de 2021, a Anvisa já havia recomendado a suspensão temporária dos cruzeiros, o que foi acatado pelo governo. A previsão inicial era de que a temporada fosse retomada no dia 21 de janeiro deste ano.
“Desde a recomendação de suspensão temporária, a Anvisa vem avaliando a evolução do cenário epidemiológico do SARS-CoV-2 a bordo dos navios e também no Brasil e no mundo. Observa-se que o cenário tem se tornado ainda mais desafiador tendo em vista, em especial, o aumento vertiginoso do número de casos nas embarcações e no Brasil”, acrescenta a agência em comunicado oficial.
Dessa maneira, a agência considera que “o cenário atual é desfavorável à continuidade das operações dos navios de cruzeiro”.
“Aumento vertiginoso de casos”
Em resolução publicada em outubro do ano passado, a Anvisa determinou que, para poder realizar o embarque, desembarque e transporte de passageiros, as embarcações deveriam possuir um programa de monitoramento da saúde de passageiros e tripulantes.
Esse protocolo de testagem, diz a Anvisa, “permitiu a verificação de um aumento vertiginoso dos casos de Covid-19 a bordo das embarcações em operação na costa brasileira, provavelmente decorrente do surgimento da variante Ômicron”.
Balanço feito pela agência reguladora mostra que, nos 55 dias iniciais da temporada 2021/2022 de cruzeiros, foram contabilizados 31 casos a bordo das embarcações no Brasil. Esse período vai de 1º de novembro a 25 de dezembro.
A partir daí, no período de 12 dias entre 26 de dezembro e 6 de janeiro, o número de contaminações pelo coronavírus nos navios saltou para 1.146. Isso representa um aumento de quase 37 vezes.
Logo após o Réveillon, no dia 4 de janeiro, o Brasil tinha quatro navios parados em sua costa com casos de Covid-19 entre passageiros e tripulantes. Essas embarcações estavam sob supervisão sanitária da Anvisa.
Os cruzeiros nessa situação eram o MSC Splendida, MSC Preziosa, MSC Seaside, Costa Diadema e Costa Fascinosa.
No início de janeiro, logo depois de a agência ter recomendado a suspensão temporária, a médica sanitarista Ana Freitas Ribeiro, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, afirmou em entrevista à CNN que a decisão foi acertada.
“A principal forma de transmissão é a respiratória. A ventilação dentro dos cruzeiros é mais por ar-condicionado do que uma ventilação natural”, disse. A especialista afirmou ainda que, mesmo com a determinação de os navios operarem com 75% da capacidade, seria difícil manter o distanciamento adequado dentro da embarcação.