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07/01/2022 às 11h44min - Atualizada em 07/01/2022 às 11h44min

Bolsonaro volta a atacar vacinação infantil e Anvisa

Em entrevista, presidente disse desconhecer mortes de crianças pela doença; segundo Ministério da Saúde, foram 311

Julliana Lopesda CNN
https://www.cnnbrasil.com.br/
Críticas foram feitas pelo presidente Jair Bolsonaro após anúncio do início da campanha de vacinação em crianças Ueslei Marcelino/Reuters (13.dez.2021)

Um dia depois de o governo federal anunciar o cronograma de imunização infantil contra a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a vacina para crianças.

Em uma entrevista à TV Nova Nordeste, de Pernambuco, Bolsonaro disse que não vai vacinar a filha de 11 anos e acusou os técnicos da Anvisa de terem algum interesse na liberação da vacina.

“A Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] lamentavelmente aprovou a vacina para crianças entre 5 e 11 anos. A minha opinião eu quero dar para você aqui. A minha filha de 11 anos não será vacinada”, disse Bolsonaro.

“E você vai vacinar seu filho contra algo que o jovem por si só uma vez pegando o vírus a possibilidade de ele morrer é quase zero? O que é que está por trás disso? Qual é o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual é o interesse daquelas pessoas ‘taradas por vacina’? é pela sua vida? É pela sua saúde? Se fosse estariam preocupados com outras doenças do Brasil, que não estão”, acrescentou o presidente.

Nesta quarta-feira (6), o Ministério da Saúde voltou atrás na decisão de exigir prescrição médica para a vacinação infantil, que não será obrigatória. A previsão é que a imunização comece em dez dias.

Na entrevista desta manhã, Bolsonaro questionou: “Eu pergunto, você tem conhecimento de uma criança de 5 a 11 anos que tenha morrido de Covid? Eu não tenho”.

Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, 311 crianças de cinco a 11 anos morreram vítimas da Covid-19 desde o início da pandemia.

O presidente falou ainda sobre possíveis efeitos colaterais da vacina, e sugeriu que a população procure conselhos, mas não necessariamente de médicos.

“Converse com os seus vizinhos. Quantos garotos contraíram Covid e não aconteceu absolutamente nada com ele?”, sugeriu Bolsonaro.

As declarações do presidente foram rebatidas pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Em uma nota de repúdio que não cita o nome de Bolsonaro, os médicos afirmaram que “a população não deve temer a vacina, mas, sim, a doença que ela busca prevenir”. E que a “vacina previne a morte, a dor, sofrimento, emergências e internação em todas as faixas etárias”.

A nota diz ainda que negar esse benefício e desestimular a adesão dos pais à imunização dos seus filhos é “um ato lamentável e irresponsável, que, infelizmente, pode custar vidas”.

A queda de braço entre o presidente e a Anvisa ganhou força em dezembro, quando a agência aprovou o uso do imunizante da Pfizer para a faixa etária de cinco a 11 anos.

Jair Bolsonaro ameaçou divulgar os nomes dos técnicos que liberaram a vacina, gerando uma onda de intimidação.

O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, um oficial da reserva da Marinha, foi indicado pelo próprio Bolsonaro. E tem se queixado que o Planalto tem excluído a agência das decisões sobre a pandemia.

Na noite desta quinta-feira (6), na live que faz semanalmente, o presidente voltou a atacar a Anvisa.

CNN procurou a Anvisa para comentar as declarações de Bolsonaro, mas não obteve resposta.


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