Segundo o comando militar sul-coreano, o fugitivo conseguiu escapar mesmo após horas e horas de buscas por ele realizadas pelas tropas da Coreia do Sul. Ele foi avistado na zona desmilitarizada (DMZ), que separa as duas Coreias, por volta das 21h (horário local).
Não há informações se essa pessoa não identificada ainda está viva, mas o comando militar sul-coreano pediu aos vizinhos do Norte que ele seja protegido.
Durante a pandemia, o governo da Coreia do Norte adotou uma estratégia de atirar à primeira vista em quem tentar entrar no país, com o objetivo de evitar o espalhamento da covid-19.
Em setembro de 2020, tropas norte-coreanas atiraram contra um barco pesqueiro sul-coreano, que estava perdido na região e depois foi queimado. O incidente acirrou os ânimos entre os países vizinhos, e a Coreia do Norte emitiu um raro pedido de desculpas, atribuindo o erro à rígida política anti-covid.
O líder da Coreia, Kim Jong-un, declarou emergência nacional durante a pandemia e fechou uma cidade depois que um norte-coreano com sintomas de covid-19 fugiu da Coreia do Sul para o país vizinho ao norte.
As restrições contra o avanço da pandemia acabaram reduzindo bastante o número de defecções da Coreia do Norte para a Coreia do Sul.
A fronteira entre os dois países é uma das regiões mais fortemente armadas do mundo. Ela é tomada por minas terrestres, cerca eletrificada, arame farpado, câmeras de vigilância e tropas militares.
A chamada "zona desmilitarizada" é uma área que abrange um trecho de 248 km de extensão e 4 km de largura. Ela foi criada em 1953 como uma alternativa de contenção militar por causa da tensão da guerra entre a República Popular Democrática da Coreia e a República da Coreia, criadas em 1948. Naquele ano, a divisão geográfica entre as duas nações se converteu em uma fronteira internacional de fato.
A guerra coreana começou em 1950, quando as então superpotências, Estados Unidos e União Soviética, passaram a "dividir" o mundo após a Segunda Guerra Mundial.
Os soviéticos haviam ficado com o controle da parte norte da península, e os americanos com a parte sul.
No dia 25 de junho de 1950, a Coreia do Norte, apoiada pela União Soviética e pela China, invadiu a Coreia do Sul. E imediatamente os Estados Unidos enviaram suas forças militares para ajudar o país a combater a "invasão dos comunistas".
Com a ajuda de Washington, Seul, capital sul-coreana, foi recuperada em dois meses.
A China, por sua vez, preocupada com a decisão dos Estados Unidos de mobilizar suas forças até o norte para tentar a reunificação da península, interveio no conflito.
Estima-se que mais de 5 milhões de pessoas (entre militares e civis) morreram na guerra.
No armistício de 1953, que deu fim à guerra entre os dois países, ambos os lados concordaram em não executar qualquer ato hostil dentro, a partir de, ou contra essa área DMZ.
Atualmente, a única parte da fronteira em que os soldados estão permanentemente frente a frente é a chamada Área de Segurança Conjunta (JSA), em Panmunjom.
"Após a grande Guerra da Coreia, as duas partes tentaram utilizar o lugar como forma de propaganda para demonstrar o quão melhor uma era sobre a outra", diz Isaac Stone Fish, da Asia Society, um think tank com sede em Nova York (EUA).
Foi também nesse local que, até março de 1991, ocorreram as negociações militares entre o Comando das Nações Unidas (ONU) e a Coreia do Norte.
O local que mais chama atenção na Área de Segurança Conjunta é o edifício em que se localiza uma sala de conferências peculiar, que tem um espaço que corta as duas nações. Aqueles que entram nela podem cruzar, na prática, a tensa linha de fronteira, apenas andando de um lado a outro da sala.
Por muitos anos, o local não foi mais do que um ponto de tensão no Paralelo 38, que serve para demarcar a fronteira entre as duas Coreias. Com o passar do tempo, Panmunjom também virou um dos muitos lugares onde centenas de norte-coreanos foram mortos tentando desertar para o Sul. A migração no sentido inverso é bem mais rara.