Não faz muito tempo que o governo federal rejeitou por dezenas de vezes vacinas para a população adulta e o resultado foi catastrófico com mais de 600 mil mortes de brasileiros pela doença. Tantas mortes poderiam ter sido evitadas se não houvesse o negacionismo em torno do imunizante ou se Bolsonaro não tivesse demorado tanto para autorizar a vacina.
Agora, o mesmo está ameaçando servidores, diretores e técnicos envolvidos na pesquisa cientifica que garante a aprovação do uso da vacina da Pfizer contra a Covid em crianças de 5 a 11 anos. Na quinta-feira, 16, após a Anvisa anunciar a aprovação do uso em crianças, Bolsonaro afirmou que pediria o nome dos profissionais envolvidos, para divulgação.
“Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Queremos divulgar o nome dessas pessoas”, afirmou Bolsonaro, durante sua live semanal. Segundo o presidente, ele vai estudar junto com Michelle se a filha de 11 anos vai ser vacinada ou não. Ao dizer isso, o presidente não ataca apenas a ciência, mas desfere golpes contra profissionais capazes e contra a vida de milhares de crianças brasileiras. Desde o início da pandemia, 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de Covid-19 no país.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou neste domingo,19, que solicitou proteção policial para servidores e diretores envolvidos na aprovação do uso da vacina da Pfizer em crianças. O ofício foi encaminhado para o procurador-geral da República, Augusto Aras, ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à Diretoria-Geral da Polícia Federal (PF) e à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal.
Segundo a agência, desde quinta-feira, 16, dia em que o presidente falou em divulgar os nomes dos profissionais, cresce as ameaças de violência contra os servidores. Vale ressaltar que a agência já havia pedido reforço policial na segurança de seus profissionais no mês passado quando ocorreram as primeiras ameaças relacionadas à vacinação de crianças.
Não pode, e não deve, repetir o mesmo erro do início do ano e postergar a vacinação. O quanto antes as crianças puderem ser vacinadas, melhor. Mais vidas serão salvas. Ou não. Afinal, o governo Bolsonaro virou um necrotério a céu aberto.