O holandês Max Verstappen já foi declarado o campeão mundial da Fórmula 1 de 2021, mas a temporada não terminou no domingo. O final confuso do GP de Abu Dhabi, com a mudança das decisões da direção da prova nas voltas finais, ainda vai dar o que falar. Nesta segunda-feira, por exemplo, veio à tona um áudio de Lewis Hamilton com os boxes, que não foi reproduzido na transmissão oficial, que denota o sentimento do heptacampeão com o ocorrido em Yas Marina.
- Isso está sendo manipulado, cara – disse Hamilton na última volta, após a decisão dos comissários permitirem a passagem apenas aos retardatários à frente de Verstappen.
A Mercedes entrou com recurso logo após a prova, mas todos foram negados. A equipe, que conquistou seu oitavo título seguido de construtores, vai apelar ao CAS (Corte Arbitral do Esporte).
A decisão da direção da prova não foi contestada apenas por Hamilton. Os envolvidos na questão também estranharam o procedimento. Quando o Safety Car entrou na pista, a quatro voltas do fim, o inglês tinha vantagem de 11 segundos para Verstappen e cinco retardatários entre eles.
O regulamento diz que todos os retardatários devem ultrapassar os líderes assim que o diretor de prova autorizar. Normalmente, a ultrapassagem acontece logo após a entrada do safety car, que só pode sair da pista na volta seguinte ao realinhamento. No caso da prova de domingo, se a regra fosse seguida à risca, a corrida terminaria em bandeira amarela.
A confusão se deu por causa da mudança das decisões. Primeiramente, o diretor de prova Michael Masi informou que os retardatários não seriam autorizados a ultrapassar o Safety Car. A Red Bull questionou a decisão. Logo depois, Masi autorizou que os carros que estavam entre os dois pilotos ultrapassassem e os deixassem livres na pista na última volta.
A direção de prova argumentou também que há um acordo entre as equipes para que, sempre que possível, a corrida termine sob bandeira verde.
Lando Norris, Fernando Alonso, Esteban Ocon, Charles Leclerc e Sebastian Vettel estavam nessa posição e todos estranharam a decisão. Outros pilotos, como Carlos Sainz, que terminou em terceiro lugar, também questionaram o posicionamento da direção de prova.
Confira a opinião dos pilotos
"Foi certamente uma situação muito estranha porque eu estava lutando pelo pódio com Valtteri e ainda tinha as AlphaTauris atrás de mim com um pneu médio, enquanto eu estava com um pneu duro muito usado. No início, disseram-me que eles não teriam permissão para tirar a volta. Depois decidiram que sim, mas ainda havia uma Aston Martin e Ricciardo entre os dois líderes e eu", disse Sainz, da Ferrari, que quase perdeu o pódio para Tsunoda.
"Recebi a mensagem tarde demais. Eles deveriam nos deixar passar imediatamente como das outras vezes. Você tem os caras lutando na frente, então só precisa abrir o caminho. Eu não sei o que houve, mas para nós foi uma pena, porque não tínhamos como ter uma corrida naquele momento", disse Sebastian Vettel, que terminou em 11º.
"Eu não sabia que só tinham liberado os primeiros três ou quatro pilotos que estavam na frente de Max. Isso foi planejado pra ser uma luta, foi algo pra TV, é claro. Mas se foi ou não justo, não cabe a mim decidir. Às vezes eles deixam você ir, às vezes não. Mas eles disseram que não nos deixariam passar. Só que de repente, fazer isso apenas para a última volta, me deixou um pouco surpreso", afirmou Lando Norris, da McLaren.
"Quando o safety car saiu, pensei que podíamos ultrapassar porque normalmente é o que acontece. Mas não tínhamos o sinal verde. Duas voltas depois, o engenheiro me disse que eu não poderia ultrapassar e as posições ficariam daquele jeito. Só que uma curva depois, a luz verde acendeu e me disseram "você pode fazer isso agora, siga Norris". Foi um pouco confuso, obviamente", disse o bicampeão Fernando Alonso, da Alpine.
"Para mim foi um pouco estranho. Pensei que poderíamos ultrapassar os líderes por uma volta antes do reinício da corrida, mas estávamos perdidos no pelotão intermediário. Eu estava lutando pela nona colocação com o Esteban, mas primeiro me disseram que eu não seria capaz de descontar aquela volta. Aí no final, recebemos a oportunidade", disse Charles Leclerc, da Ferrai.