BRASÍLIA - O líder do governo e relator da PEC dos precatórios no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), admitiu nesta quinta-feira, 11, que, com o fim do auxílio emergencial, cerca de 20 milhões de brasileiros ficarão de fora do Auxílio Brasil. Segundo ele, o governo confia na retomada da economia e do emprego informal para que essas pessoas possam voltar a ter alguma renda.
“De fato, 20 milhões de brasileiros deixarão de receber o auxílio emergencial, porque o governo acredita que a economia está voltando, sobretudo no setor de serviços com o avanço da vacinação. Vai voltar o emprego informal, que é muito forte na nossa economia”, afirmou, em entrevista à GloboNews.
A PEC dos precatórios libera R$ 91,6 bilhões de espaço no Orçamento de 2022 e é essencial para o governo conseguir tirar do papel o Auxílio Brasil de R$ 400 para 17 milhões de pessoas, como quer o presidente Jair Bolsonaro. Na formatação deste ano, mais de 40 milhões de brasileiros receberam o auxílio emergencial até outubro em parcelas que variavam de R$ 150 a R$ 375.
“Para manter o auxílio emergencial em 2022, o governo gastaria R$ 140 bilhões. Se este governo pensasse na eleição, não tiraria 20 milhões de pessoas do auxílio. Mas o governo busca atender de fato os que estão passando fome, com cautela e prudência. Enfrentamos uma crise alimentar inédita no País, e é preciso focar nessas pessoas, temos que ter prioridades”, argumentou.
O líder do governo alegou ainda que o valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil valerá apenas até dezembro de 2022 porque seria necessário aguardar a performance da economia ao longo do próximo ano. Ele lembrou que, a despeito de parte do mercado já apostar em uma nova recessão em 202, a equipe econômica ainda trabalha com a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1,5% e 2,0% no próximo ano.
“De qualquer forma, o orçamento de 2023 só será votado após as eleições. O presidente eleito, seja qual for, poderá transformar o Auxílio Brasil em permanente se quiser”, completou.
Bezerra ainda voltou a rechaçar as acusações de que a PEC dos precatórios significaria um calote do governo nessas sentenças judiciais. “O governo tem muita confiança de que não vai restar fila de precatórios, porque há muitas possibilidades de operacionalização fora do teto, com acerto de contas e uso para compra de ativos”, concluiu.