O órgão governamental não faz menção a uma possível escassez de alimentos ou se as instruções são motivadas por temores de que as medidas contra a covid-19 possam interromper as cadeias de abastecimento ou levar que cidadãos em lockdown enfrentem falta de alimentos.
Além do surto de covid-19, o pedido do governo chinês também ocorre em meio a um aumento no preço dos vegetais causado por fortes chuvas no país.
A medida ainda gerou temores nas redes sociais locais de que poderia ter sido desencadeada pelas tensões elevadas com Taiwan.
Em postagens, usuários também relataram que, após o anúncio do governo, chineses correram para estocar arroz, óleo de cozinha e sal. "Assim que a notícia saiu, todos os idosos perto de mim enlouqueceram comprando no supermercado", escreveu um perfil na rede social chinesa Weibo, semelhante ao Twitter.
A imprensa local ainda chegou a publicar listas de bens recomendados para estocar em casa, incluindo biscoitos, macarrão instantâneo, vitaminas e lanternas.
A resposta do público levou a imprensa estatal a tentar acalmar os ânimos nesta terça-feira. O jornal Economic Daily, apoiado pelo Partido Comunista, disse aos leitores para evitarem ter "uma imaginação hiperativa" e afirmou que o objetivo da diretiva do governo era garantir que os cidadãos não fossem pegos de surpresa se houvesse um lockdown em sua região.
Tolerância zero
O apelo foi publicado em meio a um período em que a estratégia chinesa de tolerância zero em relação ao coronavírus mantém contornos cada vez mais severos, apesar dos números de infecções relativamente baixos. As medidas sanitárias incluem o fechamento de fronteiras, lockdowns pontuais e longos períodos de quarentena.
Uma preocupação de Pequim parece ser a aproximação da data da abertura das Olimpíadas de Inverno de Pequim, agendada para 4 de fevereiro.
A China registrou 92 novos casos de covid-19 nesta segunda-feira, o maior patamar desde meados de setembro.
O governo restringiu algumas viagens interprovinciais, aumentou os testes e pediu às pessoas que adiem reuniões sociais como casamentos e banquetes.
O país, que mantém suas fronteiras fechadas desde março de 2020, implementa uma política rígida de quarentena nas chegadas, o que ajuda a manter suas estatísticas oficiais em 4.636 mortes em decorrência do coronavírus e 97.243 infecções desde o início da pandemia.
No mês passado, Pequim determinou o confinamento de Lanzhou, cidade de quatro milhões de habitantes, ordenando que seus moradores não saiam de casa, numa tentativa de erradicar um surto de covid-19 de apenas algumas dezenas de casos confirmados.
Um caso, 38 mil testes
Outro exemplo das medidas extremas tomadas foi o fechamento temporário da Disneylândia de Xangai neste domingo, devido a um único caso de coronavírus. O parque temático também impediu que visitantes e funcionários saíssem até serem submetidos ao teste de covid. Como resultado, mais de 38 mil pessoas foram testadas.
O lugar fechou depois que uma mulher que visitou o parque no sábado testou positivo ao voltar para casa em uma província vizinha, segundo a mídia estatal. A Disneylândia informou que permanecerá fechada "por pelo menos dois dias, para seguir as exigências de prevenção e controle da pandemia", sem confirmar o dia da reabertura.
Imagens da mídia estatal mostraram dezenas de profissionais de saúde em trajes de proteção dentro da Disneylândia, enquanto visitantes de máscara esperavam em longas filas os resultados dos testes de covid-19.
Em geral, a China manteve uma contagem diária de novos casos na casa dos dois dígitos durante grande parte da pandemia. Mas os casos diários aumentaram para 143 em agosto em meio a um surto da variante delta, que ficou controlado por várias semanas, mas que começou a ressurgir novamente em meio ao que o governo chamou de um novo surto "sério", com casos surgindo em uma dúzia de províncias.