A Polícia Civil descobriu que mensagens foram apagadas dos celulares da mãe de Henry Borel Medeiros, de 4 anos, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, e do namorado dela, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade). Os agentes vão usar um sistema de informática para recuperar as conversas, segundo o "RJ2", da Rede Globo. O menino morreu no último dia 8 em circunstâncias ainda não esclarecidas. O advogado André França Barreto, que defende o casal, disse que só irá comentar o assunto depois da conclusão da perícia nos aparelhos.
Na semana passada, 11 celulares foram apreendidos em endereços ligados a Monique, Jairinho e ao engenheiro Leniel Borel de Almeida, pai de Henry. Depois da operação policial, na sexta-feira, segundo o advogado, Monique percebeu que seu telefone havia sido invadido por hacker e procurou a delegacia de crimes de informática. Como não conseguiu atendimento, ela fez um registro on-line na 16ª DP (Barra), como revelou a Rede Globo.
Boneco vai representar menino
Além da análise dos aparelhos, a polícia marcou para amanhã uma reprodução simulada no apartamento na Barra onde Henry morava com a mãe e o padrasto. O casal irá apresentar aos peritos dos institutos Médico-Legal (IML) e de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e aos policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) a versão deles sobre o que aconteceu no último dia 8, quando, às 3h30, a criança deu entrada morta no Hospital Barra D’Or.
A reprodução simulada será uma encenação do que Monique e Dr. Jairinho contaram na delegacia. A ideia é simular as circunstâncias e o ambiente do apartamento do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, naquela madrugada. Um boneco usado em treinamentos do Corpo de Bombeiros com características semelhantes às de Henry irá ajudar os investigadores. O menino media 1,15m e pesava 20 quilos.
Até o momento, o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, já ouviu 17 testemunhas no inquérito que apura o caso. Além do casal, já prestaram depoimentos parentes de Henry, três médicas do Barra D’Or, três vizinhos, a babá, a empregada doméstica, a professora e a psicóloga, além da secretária de Dr. Jairinho e de duas ex-namoradas do vereador.
Uma das ex-namoradas contou aos policiais que, às 11h46 do dia 8 de março — seis horas e quatro minutos após atestada a morte de Henry —, eles conversaram “como se nada tivesse acontecido”. Em depoimento, a estudante de 34 anos afirmou que o parlamentar lhe enviou mensagens para saber sobre o resultado de seu antibiograma, um exame laboratorial que ela realizaria depois de se queixar de ardência ao urinar.
De acordo com o termo de declaração, o político teria escrito na mensagem de WhatsApp: “Preciso saber o que deu no antibiograma. Tem que tratar, tem que tratar”. Ao responder que não fez o exame, a mulher foi repreendida por ele: “Que loucura é essa?”. Ela disse que, em momento algum, o ex-namorado contou o que havia acontecido com Henry. A mulher ficou sabendo da morte do menino por amigos em comum e, depois, pela imprensa. O corpo de Henry foi liberado do Hospital Barra D’Or para o IML por volta de 13h do dia 8.
Ao ser intimada para depor na 16ª DP (Barra), no dia 20, a mulher contou ter ligado para a irmã de Jairinho. O próprio vereador retornou posteriormente. Ela disse que o político a orientou a “ficar tranquila”, pois apenas teria que relatar como fora o relacionamento dos dois e se ele era agressivo. Ela reiterou que ele continuou sem falar sobre a morte do enteado tampouco sobre como “se sentia”.