A avaliação de petistas é que Lira usa a distribuição das emendas parlamentares do Orçamento da União, controlada por ele, como uma forma de consolidar apoio a sua possível reeleição ao comando da Câmara, em 2023.
Petistas lembram que Cunha, que teve Lira como aliado por muito tempo, recorreu a movimento semelhante para se eleger presidente da Casa em 2015. Na época, porém, o parlamentar usou a estrutura da liderança do MDB na Câmara.
Cunha comandou a bancada entre 2013 e 2014, dois últimos anos do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). No período, o MDB era a segunda maior sigla da Casa, com 81 deputados, atrás apenas do PT.
O ex-deputado usou seu poder de líder para atrair para sua órbita siglas do Centrão, o que garantiu sua eleição à presidência da Câmara em 2015, quando derrotou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato do governo.
“O Lira usa o Orçamento para tentar manter a base em torno dele e se reeleger presidente da Câmara. O Cunha fez algo parecido com a liderança do MDB”, avaliou à coluna o deputado Alexandre Padilha (PT-SP).
Lira “entrega resultado”
Aliados de Lira minimizam a crítica de petistas. Nos bastidores, admitem que ele tem o controle sobre a distribuição de emendas, mas ressaltam que “entrega resultado”, com aprovação de matérias de interesse do governo.
Embora esteja alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, aliados de Lira também reconhecem que o deputado pretende disputar reeleição ao comando da Câmara em 2023, qualquer que seja o presidente da República eleito em 2022.
Para poder tentar recondução ao comando da Casa, contudo, o parlamentar do PP de Alagoas precisa primeiro se reeleger deputado federal no pleito de outubro do próximo ano.