Mais de 28 mil brasileiros morreram de coronavírus nos hospitais do país sem passar por uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nos primeiros três meses de 2021, o que corresponde a 38% do total (73.105). Destes, quase 40% dos óbitos foram entre 14 a 20 de março, quando o sistema de saúde se aproximou do colapso com quase 100% dos leitos ocupados.
Dados analisados pelo jornal O Globo consideraram pacientes diagnosticados com Covid-19 e os que receberam provisoriamente o diagnóstico de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
De meados de janeiro a meados de fevereiro deste ano, quando os sistemas de saúde da região Norte entraram em colapso, a proporção de pacientes que morreram sem passar pela UTI passou de 50%. Nos estados do Amazonas, Roraima e Acre, a taxa chegou a 60%.
Atualmente, os números são maiores no Sul. Em Santa Catarina, há quatro semanas o índice não baixa de 53%. No Rio Grande do Sul, ela ultrapassou os 50% no começo de março. Nos últimos dados disponíveis, o Rio de Janeiro tem 35%, e São Paulo, 41% de mortes entre pacientes com Covid fora da UTI.
Ao longo deste ano, 105 hospitais registraram mais de 50 mortes e, ao mesmo tempo, tiveram mais da metade delas fora das suas UTIs. Sete dos maiores hospitais de Manaus estão no topo da lista, tendo perdido 1.302 pacientes que não tiveram tratamento intensivo.
Na semana que terminou no último sábado (20), 727 hospitais no Brasil inteiro registraram mais de 50% de mortes de pacientes que não estiveram na UTI. Os dois que apresentaram a situação mais grave do país estavam em Porto Alegre. Foram registradas 39 mortes fora da UTI no hospital Vila Nova (63% do seu total) e 33 no hospital Nossa Senhora da Conceição (51%), respectivamente nas zonas sul e norte da capital gaúcha.
Levantamento do jornal O Globo apontou pelo menos 5.432 pessoas aguardando vaga em UTIs para Covid em todo o Brasil.