Após os atentados de 11 de Setembro de 2001, autoridades do mundo todo tomaram providências para aumentar a segurança em aeroportos e grandes eventos a fim de evitar ações desta magnitude e com este tipo de articulação.
Como consequência, ao longo destes 20 anos, os ataques terroristas já não são mais os mesmos. Os atentados continuam ocorrendo, mas não fazem tantas vítimas de uma vez só, como fizeram nas Torres Gêmeas.
Agora, eles ocorrem com muita frequência, em diversos países, cometidos muitas vezes por indivíduos não necessariamente ligados a organizações.
“A maior parte dos atentados terroristas hoje não é alguém que sai do Afeganistão, é treinado, aprende a pilotar um avião, e o joga no World Trade Center”, analisa o professor de Relações Internacionais da FAAP Carlos Poggio, especialista em política externa dos Estados Unidos.
Ele explica que são indivíduos “radicalizados e nascidos nos próprios países”.
Além disso, ele avalia que, nos últimos 20 anos, atentados nos EUA, em sua maioria, não foram cometidos por grupos de inspiração religiosa ou islâmica, como em 11 de setembro.
Agora, segundo Poggio, são feitos “por grupos de terroristas domésticos, notadamente grupos associados à extrema direita, como supremacismo branco. Isso é o que os dados mostram.”
Segundo o grupo de pesquisa sem fins lucrativos Gun Violence Archive, em média, ocorrem quase dois tiroteios em massa por dia nos EUA atualmente.
De janeiro até o fim de agosto deste ano, foram 460 tiroteios nestes moldes no país. As armas de fogo, de uma maneira geral, mataram mais de 13,6 mil americanos só neste ano.
Embora grupos islâmicos organizem ataques em nações ocidentais, a maior parte das vítimas hoje está justamente em países de maioria muçulmana.
“Podemos não ver atentados no Ocidente, nos Estados Unidos em particular, mas a situação de países do sul global é bastante preocupante”, ressalta o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia Aureo Toledo.
O especialista destaca a Somália, Mali e Afeganistão que, segundo ele, vivem uma “crescente insegurança”.
“A esse quadro temos que acrescentar também que foi uma intervenção dos Estados Unidos no Iraque, a partir de 2003, que criou condições para surgimento do Estado Islâmico, que, em termos de radicalismo e violência, podemos considerar até pior do que a Al Qaeda.”
Discriminação contra muçulmanos
Os dois especialistas apontam que, de alguma forma, a disseminação de ideologias extremistas é também um desdobramento dos acontecimentos dos ataques de 11 de Setembro.
Os professores afirmam que o ódio e preconceito são capitais para políticos autoritários e populistas. E, mais do que isso, os ataques às Torres Gêmeas acentuaram de vez a discriminação contra muçulmanos pelo mundo.
O sheik Jihad Hammadeh, vice-presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas, avalia que, 20 anos depois, a situação só piorou.
Ele aponta que, por um lado, o Afeganistão voltou a ser tomado por fundamentalistas que transmitem uma interpretação radicalizada do Islã e, por outro, a imigração de refugiados afegãos deve aumentar ainda mais o número de vítimas de preconceito por extremistas conservadores de países ocidentais.
“Infelizmente com o surgimento e o aumento de refugiados, principalmente da África e dos países islâmicos próximos ao Oriente Médio, a tendência é aumentar [o preconceito]”, acredita Hammadeh.
É consenso entre os especialistas de que, por trás de ataques terroristas de fundamentação religiosa, estão militantes que desvirtuam a filosofia de suas próprias religiões.
Isto vale tanto para o terrorismo em países de maioria islâmica, quanto para o terrorismo doméstico nos Estados Unidos.
A CNN Brasil terá uma programação especial no sábado, 11/09, ao vivo, a partir das 8h. Em transmissão simultânea com a CNN americana e com correspondentes espalhados pelos Estados Unidos, serão exibidas todas as homenagens às vítimas do atentado que completa 20 anos.
Comandada pelo time de âncoras da CNN, a cobertura especial trará também convidados que irão analisar o contexto histórico, os desdobramentos e histórias de quem acompanhou o horror de perto. Antes, na sexta-feira, dia 10/09 às 22h30, o CNN Nosso Mundo recebe Leandro Karnal, que traz um panorama do quanto esse fato mudou, não só os Estados Unidos, mas o mundo.