O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, afirmou nesta quinta-feira (25) em entrevista à "Jovem Pan News" que o lockdown não funciona para frear a transmissão do novo coronavírus porque insetos podem transportar o Sars-Cov-2, o que não é verdade. Especialistas ouvidos pelo G1 rebateram a informação falsa.
O que Onyx disse: "Muitos ainda insistem em uma ferramentas chamada lockdown que já está provado por várias experiências no mundo que ela é ineficiente. E por que ela é ineficiente? Alguém consegue impedir que nas áreas urbanas o passarinho, o cão de rua, o gato, o rato, a pulga, a formiga, o inseto, eles se locomovem? Alguém consegue fazer o lockdown dos insetos? É obvio que não. E todos eles transportam o vírus. Não são contaminados pelo vírus, mas podem transportar o vírus. Podem, é uma possibilidade."
O coronavírus é um vírus respiratório, que precisa de gotículas do nariz ou da boca para ser transmitido entre um corpo infectado e outro saudável.
A afirmação foi rebatida por especialistas.
"Nós estamos no meio de pessoas que acham que a terra é plana, que têm opiniões sobre várias coisas, mas essas opiniões não têm ligação com a realidade. As evidências científicas são bem robustas em relação ao lockdown, porque a única forma de diminuir a transmissão da doença é diminuir a circulação de pessoas", afirma Ethel Maciel, doutora em epidemiologia.
"Insetos e animais não são vetores do coronavírus. Transmite de pessoa para pessoa. Fazer lockdown e impedir que pessoas se encontrem vai com certeza impedir que pessoas transmitam o vírus para outras pessoas", afirma Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência.
Em Araraquara, cidade do interior de SP, um mês de lockdow levou à queda de 57,5% no número de casos e diminuição de 39% na média semanal de mortes, além da desocupação de leitos de UTI.
Nesta semana, outro conceito sem respaldo científico viralizou nas redes sociais. O ex-governador Ivo Cassol, de Rondônia, apareceu em um vídeo usando uma solda elétrica como suposto tratamento para o coronavírus, através da claridade/luz emitida pelo aparelho. Não há comprovação científica sobre o procedimento.