O ex-presidente da Câmara deputado Rodrigo Maia considera equivocada a proposta do governo federal de ampliar o valor e o número de beneficiários do Bolsa Família, por meio da Medida Provisória (MP) que cria o Auxílio Brasil, entregue nesta segunda-feira (9) ao Congresso.
"É uma jogada equivocada e que vai gerar um preço grande a ser pago. Já estamos vendo aí a inflação de hoje", disse à CNN. Segundo ele, o resultado do pagamento maior será anulado no futuro pela pressão nos preços. "Quem paga é o próprio beneficiário, que vai receber R$ 300, mas já não vai comprar mais o que podia comprar há seis meses", diz.
O deputado critica ainda o fato de o projeto ter sido entregue sem valor definido, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha dito que o valor deve ficar em torno de R$ 300, um aumento de 50% em relação ao valor médio atual de R$ 192.
"Imagina a pressão que o projeto deverá jogar no parlamento. O que o governo quer com um projeto sem valor? Que o parlamento coloque um valor maior, e é o parlamento que vai ter furado o teto. Mas quem vai pagar é sempre o brasileiro mais pobre", diz.
O plano do governo para abrir espaço no orçamento ao novo programa social é parcelar as dívidas mais altas que é obrigado a pagar por decisão da Justiça em até nove anos. A equipe econômica espera entregar ainda nesta segunda-feira a Proposta de Emenda Constitucional com esse intuito.
Maia também critica essa estratégia, a qual chama de "calote sem explicação" e compara o movimento com o confisco das poupanças no governo Collor, no início dos anos 1990. "Isso me lembra muito o confisco do plano Collor. O cidadão ganha do governo várias ações na justiça e, na hora de receber, ele diz que não vai pagar. São decisões graves e, nesse caso dos precatórios é um calote sem explicação", diz.
Para Maia, a atitude do governo visa as eleições de 2022, já que já poderia ter negociado uma parte grande da dívida dos precatórios há três anos, quando recebeu uma das decisões da Justiça. "Se achou o valor alto, poderia ter negociado há três anos. Porque agora?". "É uma grave demonstração de que, não satisfeito como o populismo, o governo caminha a passo largos para o desequilíbrio fiscal", diz.