Com 222 assinaturas, coletadas até a noite de sábado (20), uma carta elaborada por economistas de diversas matizes e trajetórias defende medidas urgentes de enfrentamento à pandemia no Brasil, como aceleração do ritmo de vacinação, distribuição gratuita de máscaras e campanha de conscientização sobre o uso, assim como coordenação nacional nas ações tomadas no âmbito local, em especial relacionadas ao distanciamento social.
O documento “O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo – Carta Aberta à Sociedade Referente a Medidas de Combate à Pandemia” aponta uma série de impactos econômicos e sociais atribuídos à pandemia e à demora na imunização.
Entre os signatários estão os ex-ministros da Fazenda Mailson da Nóbrega, Marcilio Marques Moreira, Pedro Malan e Rubens Ricupero; os ex-presidentes do Banco Central Afonso Celso Pastore, Arminio Fraga, Gustavo Loyola, Ilan Goldfajn e Pérsio Arida; e o ex-governador capixaba Paulo Hartung, além de dezenas de acadêmicos e economistas ativos no debate público.
Estima-se, por exemplo, que o atraso na vacinação reduziria a geração de produto ou renda em R$ 131,4 bilhões em 2021 e que, apenas no nível federal, o impacto fiscal foi de queda de 6,9% na arrecadação, o equivalente a R$ 58 bilhões. A título de comparação, o novo auxílio emergencial que será pago a partir de abril terá impacto fiscal de R$ 44 bilhões.
“Vacinas são relativamente baratas face ao custo que a pandemia impõe à sociedade. Os recursos federais para compra de vacinas somam R$ 22 bilhões, uma pequena fração dos R$ 327 bilhões desembolsados nos programas de auxílio emergencial e manutenção do emprego no ano de 20209”, afirmam os economistas.
A carta dos economistas alerta para o risco de o quadro atual poder “deteriorar-se muito se não houver esforços efetivos de coordenação nacional no apoio a governadores e prefeitos para limitação de mobilidade”. “Enquanto se busca encurtar os tempos e aumentar o número de doses de vacina disponíveis, é urgente o reforço de medidas de distanciamento social”, defendem os signatários.
Além disso, afirmam ser “essencial a introdução de incentivos e políticas públicas para uso de máscaras mais eficientes, em linha com os esforços observados na União Europeia e nos Estados Unidos”, inclusive com distribuição gratuita à população de baixa renda e campanhas de orientação para o uso adequado.
“Considerando o público do auxílio emergencial, de 68 milhões de pessoas, por exemplo, e cinco reusos da máscara, tal como recomenda o Center for Disease Control do EUA, chegaríamos a um custo mensal de R$ 1 bilhão. Isto é, 2% do gasto estimado mensal com o auxílio emergencial”, dizem os economistas.