BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Defesa, general da reserva Walter Braga Netto, terá de dar explicações à Câmara sobre a nota pública emitida no último dia 7 para intimidar o trabalho dos senadores na CPI da Covid. Ele assinou a nota juntamente com os comandantes das três Forças.
A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara aprovou nesta terça-feira (13) um convite para que o ministro explique as razões da intimidação.
O requerimento, de autoria do deputado Elias Vaz (PSB-GO), era para que Braga Netto fosse convocado, o que obriga a presença na comissão.
Segundo informações da Câmara, a conversão em convite se deu a partir de um acordo com a liderança do governo na Casa, que garantiu a ida do ministro à comissão no próximo dia 17 de agosto.
"Esse tipo de manifestação configura claramente uma verdadeira intimidação não só ao senador Omar Aziz, mas ao Parlamento brasileiro, que tem procurado exercer o seu papel constitucional de fiscalizar os atos do Poder Executivo", afirmou Vaz no requerimento convertido em convite e aprovado pela comissão.
"Inclusive esta comissão tem fiscalizado claros indícios de irregularidades envolvendo as Forças Armadas, em processos licitatórios", disse o deputado.
Na noite do último dia 7, o ministro da Defesa e os comandantes das três Forças divulgaram uma nota com o pretexto de rebater afirmações feitas pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Aziz havia afirmado, numa sessão da CPI, que há muitos anos o Brasil "não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo".
A afirmação foi feita a partir do surgimento de diversos militares das Forças nas suspeitas de irregularidades e corrupção na compra de vacinas pelo governo de Jair Bolsonaro.
Na nota conjunta, as cúpulas militares disseram repudiar as declarações. E concluíram com uma ameaça: "As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.".