Lourival Panhozzi, presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), afirmou nesta sexta-feira (12) que o Brasil vive à beira de um colapso devido ao descontrole no número de óbitos por Covid-19.
Em entrevista à CNN Brasil, Lourival convidou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para ser coveiro “só por um dia para para ter a real noção do que está acontecendo no Brasil”.
Panhozzi afirmou que empresas do setor já trabalham com o dobro de óbitos registrados em dias normais e que, em 44 anos de trabalho, nunca tinha visto “uma tristeza tão reprimida, tão grande nas famílias”.
“O Brasil tinha, antes, uma média de 100 mil óbitos por mês. Esse número se elevou muito. Antes eram em poucas regiões, agora está disseminado em todo Brasil, mas principalmente no estado de São Paulo. Então, várias empresas estão trabalhando com o dobro de óbitos normais. Em Mogi eu fazia sete óbitos por dia. Ontem fiz 23 em um dia”, contou.
“O nosso setor está sendo testado ao limite. Várias regiões já estão trabalhando em sua capacidade máxima. E, se não forem tomadas medidas urgentes de contenção, contra o descontrole no aumento de casos, nós vamos ter um cenário muito preocupante. Estamos à beira do colapso. Estamos suportando, temos limites, mas é bom que a sociedade não teste o nosso limite”, acrescentou.
Lourival ainda fez críticas à atuação do chefe do executivo no combate à pandemia e aproveitou a entrevista para convidá-lo a ser coveiro por um dia. “O presidente Bolsonaro disse que não é coveiro, né? Convido a ser coveiro para ficar um dia numa funerária. Só um dia, para acompanhar as famílias que estão perdendo parentes, para ter a real noção do que está acontecendo no Brasil. Não estamos sepultando urnas, estamos sepultando pessoas”, concluiu.