Em entrevista à CNN neste domingo (20), o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, comentou os processos movidos pela médica oncologista Nise Yamaguchi contra ele e Otto Alencar (PSD-BA). Ela pede indenização de R$ 160 mil por danos morais a cada um dos parlamentares após depoimento no dia 1° de junho à CPI.
"Ela diz que fui passivo, não fiz nada para defendê-la. A CPI já detectou, ela disse que fez três viagens a Brasília, foram 13, das quais oito ela pagou com dinheiro vivo. Ela tem muito mais a explicar do que eu. Eu sou presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, meu comportamento é igual com todos, não há diferença para mim".
Segundo Aziz, a CPI deverá requisitar boletins e prescrições realizadas pela médica nos hospitais que ela trabalha para investigar a quantidade de pessoas que foram salvas. Aziz ressaltou a nota publicada neste sábado (19) por um grupo de membros da CPI que lamentou a marca de meio milhão de mortos por Covid-19.
"Eu aconselho ela [Nise] ler a nossa nota. Ela se encaixa, está ali. Tanto que ela passou de testemunha a investigada. Antes do processo que está movendo contra mim e o senador Otto, ela vai ter que prestar contas com a justiça dos homens e depois com a justiça divina por ter contribuído muito para chegarmos a meio milhão de mortos no Brasil" afirmou.
No começo da noite, o advogado da médica, Raul Canal, afirmou, em nota, que as viagens de Nise a Brasília estão dentro da lei.
"A doutora Nise só veio uma vez a Brasília por conta do governo federal a convite pra dar aula aqui em Brasília. Ela recebeu as passagens e as diárias de hotel", diz Canal.
"E disseram que ela veio treze vezes a Brasília durante a pandemia, veio realmente duas vezes a meu convite, inclusive, pra participar de eventos científico em Brasília e eu, eu paguei as passagens dela", acrescentou, afirmando que Nise também atende pacientes na capital federal.
Na entrevista, o senador Omar Aziz comentou as perspectivas para os depoimentos da semana e afirmou que a lista de investigados deverá aumentar.
"Tem muito mais gente que não foi ouvida que ainda entrará nesse rol de investigados. Ontem o Supremo decidiu isso, a procuradoria tem que dar prioridade para a investigação da CPI, para não morrer nas gavetas. [...] A demora na compra da vacina, nós teríamos 130 milhões de vacinas em dezembro do ano passado, 70 milhões da Pfizer e 60 milhões do Butantan, o Brasil não comprou porque não quis", afirmou.
Segundo Aziz, o depoimento do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) deverá focar nas declarações sobre a pandemia. Para ele, o governo incentivou o conceito de imunidade de rebanho.
"O deputado Osmar Terra tem muito a explicar, você vê as declarações desde o início da pandemia. Todas as previsões foram erradas e ele passou informações completamente equivocadas, como a de imunidade de rebanho. Esse pessoal é que estava fazendo a política sanitária brasileira, que estavam cuidando de salvar ou não vidas", afirmou o senador.
O contrato de aquisição de vacinas Covaxin, da Índia, foi intermediado pelo presidente da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. "A Precisa é uma empresa que é a única intermediária na compra de vacinas na Índia. Existem muitos fatos a serem investigados em relação à Precisa", afirmou Aziz.
Segundo ele, a Covaxin é a única vacina que o governo federal está comprando por meio de uma empresa. "Tem um inquérito de um servidor que domingo era chamado para apressar a compra das vacinas indianas. Tem muita coisa que precisa ser investigada, vai aumentar essa lista e vai aumentar bastante", disse.
Planejamento da semana
As atividades serão retomadas na próxima terça-feira (22). Para essa semana, estão previstos os depoimentos do ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), do sócio da Precisa Medicamentos Francisco Emerson Maximiano, do assessor internacional da Presidência da República Filipe Martins, do epidemiologista, pesquisador e professor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal, e da diretora-executiva da Anistia Internacional e representante do Movimento Alerta Jurema Werneck.
O senador lamentou o número de mortes pela Covid-19 no Brasil, que ultrapassou a marca de 500 mil neste sábado (19). "Momento de meio milhão de mortos é um número que não é para ser comemorado, extrapola qualquer pensamento em vida de qualquer um de nós. Eu imaginaria isso em um filme, não na vida real. Isso é real", afirmou.
Para ele, entre as causas para os resultados ruins da pandemia está o incentivo a medicamentos sem comprovação científica contra a doença. "Desde o primeiro momento não se levou a sério, se brincou com protocolos que não funcionam, medicamentos que não têm validade pelos cientistas. Meu estado, Amazonas, foi usado de cobaia por um aplicativo feito pela doutora Mayra [Pinheiro] chamado TrateCov e vocês viram o que aconteceu com a cidade de Manaus e o estado do Amazonas", disse.