Dois dias depois do Governo do Estado anunciar novas medidas de distanciamento social e decretar a volta da Fase Vermelha na região do Agreste e do Sertão e a Fase Laranja na capital, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas (ABIH/AL), Ricardo André Duarte Santos, disse que a categoria está apreensiva.
Em entrevista concedida ao CadaMinuto, na tarde desta terça-feira, dia 09, Ricardo André comentou que os empresários do setor estão com medo de ter que voltar a fechar os estabelecimentos novamente. “O Ministério Público não sabe o que é ser empresário, é uma coisa que causa muita revolta, porque é muito bom mandar fechar e no final do mês receber seu dinheirinho no bolso. Seria bom que, quando mandassem fechar tudo, os integrantes do MP também ficassem sem receber salários”, disparou o empresário.
O presidente da ABIH/AL destacou que os empresários têm empregados, estruturas a serem mantidas e administradas, custos, contratos, impostos, tributos e uma série de fatores que, caso haja um retrocesso, a cadeia do turismo como um todo vai ser afetada e não vai aguentar.
É preciso que sejam estabelecidos protocolos para cada setor, com sua especificidade. A hotelaria está mantendo todas as medidas sanitárias essenciais. No entanto, as restrições de horários impostas aos bares e restaurantes e principalmente o fechamento aos finais de semana, têm gerado baixas no setor. “Já estão ocorrendo alguns cancelamentos e transferências, e nós precisamos dessa receita para hoje”, explicou o presidente.
Apesar do governo estadual não sinalizar com nenhuma proposta de isenção de taxas ou tributos, o empresário pontuou que, hoje, o Governo Federal prorrogou por três meses o pagamento de empréstimos feitos pelo setor, “o que ao menos dá um respiro para a classe”.
De quem é a culpa?
Caso o estado entre na Fase Vermelha, vai ser impossível funcionar, porque a redução vai atingir a malha aérea, o turismo regional, bares, restaurantes e voltaremos a enfrentar todos os problemas do ano passado, explicou Ricardo André, pedindo que o governo estadual e municipal avaliem a situação e não voltem a fechar tudo.
O empresário foi enfático ao defender que é preciso focar na informação para a população, que é a maior culpada pelos números agravantes da Covid-19. “Temos a obrigação de evitar aglomerações e essas festas clandestinas que estão levando o vírus pra dentro das casas e a população mais jovem para os leitos de UTI. Quem frequenta esses lugares é um irresponsável. Ninguém é obrigado a ir para uma festa”, acrescentou.
Recentemente, antes do decreto, aconteceu uma festa grandiosa aqui em Alagoas, com cerca de mil pessoas, quando o permitido ainda eram 300 pessoas, onde a “nata alagoana” estava presente, então “vamos parar de culpar o Jacintinho ou o Tabuleiro, a culpa é de todos”, desabafou.
Transporte público
Outro ponto questionado pelo empresário foi a escassez no transporte público. Várias imagens e relatos diários apontam que, apesar das determinações dos decretos em vigor, a aglomeração dentro dos coletivos é constante, a qualquer hora dia.
“Não adianta criar protocolos, usar máscara e tudo mais, se a pessoa vai ter que entrar em um ônibus lotado para se locomover. É preciso entender o que é essencial para adotar as medidas apropriadas”, concluiu Ricardo André.