A publicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais após a prisão do general Walter Braga Netto, no sábado (14), está sendo interpretada por militares como um sinal para que o general não opte por uma delação premiada, conforme informações do Blog da Andréia Sadi, do G1.
“Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, questionou Bolsonaro na postagem, mencionando “a prisão do general”, sem citar diretamente o nome de Braga Netto.
- A prisão do General.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) December 14, 2024
- Há mais de 10 dias o "Inquérito" foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP.
- Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?
- Jair Bolsonaro.
Entre militares e investigadores, a opinião predominante é que a adesão de Braga Netto a uma delação premiada é improvável, em grande parte devido à “lealdade militar”, como afirmou uma fonte envolvida no caso. Além disso, o general parece contar com apoio político, evidenciado pelas declarações públicas de Bolsonaro e de parlamentares como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que classificou a prisão como um “atropelo”.
A prisão do General Braga Neto por supostos diálogos mantidos com os pais de Mauro Cid, há mais de um ano, revela novo atropelo do Ministro Alexandre de Moraes ao devido processo legal.Não existindo qualquer fato novo que justificasse a prisão cautelar, a pretensa obstrução à…
— Rogério Marinho?? (@rogeriosmarinho) December 14, 2024
Apesar disso, a possibilidade de delação não é completamente descartada. Investigadores lembram de casos como o de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco, que, mesmo em circunstâncias inesperadas, tornou-se delator e revelou os mandantes do crime.
Fontes apontam que a prisão de Braga Netto, somada às penas severas que ele pode enfrentar em caso de condenação, aumenta a pressão sobre outros generais envolvidos para que considerem delatar.
Entre os militares, a aposta maior é de que o general Mario Fernandes, suspeito de integrar um grupo que planejou o assassinato de Lula (PT) e Alckmin, seja o mais propenso a colaborar. Fernandes poderia fornecer informações detalhadas sobre reuniões com Bolsonaro, incluindo declarações como a que teria ouvido do ex-presidente, afirmando que “qualquer ação” seria possível até 31 de dezembro.
Ele também poderia revelar conversas sobre planos de assassinato de autoridades e possíveis registros ou anotações de Bolsonaro relacionados aos documentos golpistas. Apesar dessas especulações, o advogado de Fernandes, Marcus Vinicius Figueiredo, negou que seu cliente esteja cogitando uma delação premiada.