O governo norte-americano do democrata Joe Biden vem dificultando, com uma série de medidas protelatórias, a extradição do blogueiro Allan dos Santos. Ele está foragido naquele país há mais de três anos. O pedido ainda não teve uma definição por parte do governo norte-americano.
Na última atualização do processo, a Justiça dos EUA solicitou informações adicionais para aprofundar a análise dos possíveis crimes que foram atribuídos à Allan pela Justiça brasileira. Em tese, a medida busca alinhar as alegações brasileiras com a legislação norte-americana, buscando embasamento legal para as acusações. No meio diplomático, no entanto, é chamada de ‘enrolação’.
O pedido de extradição foi formalizado ao governo norte-americano em novembro de 2021, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), amigo do blogueiro. À época, servidores do Ministério da Justiça, que abriga o departamento responsável por pedidos de extradição, relataram à Polícia Federal que enfrentaram pressões ao longo do processo, o que lança luz sobre as dificuldades enfrentadas na tramitação do pedido.
Em outubro de 2021, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão e a extradição de Allan dos Santos a partir de uma solicitação da PF. As acusações contra o blogueiro incluem suspeitas de atuação em organização criminosa, crimes contra a honra, incitação a crimes e lavagem de dinheiro.
Moraes destacou que Allan dos Santos utilizava as redes sociais para atacar integrantes de instituições públicas, disseminar dúvidas sobre o processo eleitoral brasileiro e fomentar divisões sociais, com o objetivo de desacreditar os Poderes da República e obter ganhos financeiros com isso. Segundo o ministro, a representação da PF indicava que o blogueiro fazia parte de uma organização criminosa, que lucrava através da monetização de vídeos e doações à causa neofascista.
Em março deste ano, o governo dos EUA informou que não poderia extraditar Allan dos Santos por atividades que, segundo sua interpretação, são protegidas pelo direito à liberdade de expressão naquele país. No entanto, a Justiça norte-americana continua avaliando o caso, considerando outras acusações, como lavagem de dinheiro e organização criminosa.