Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o chamado ‘Conselhão’, na manhã desta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar os “cretinos” da mídia conservadora, no campo da direita e da ultradireita, que, após a entrevista da quarta-feira ao portal de notícias UOL, de propriedade do diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, atribuíram a alta do dólar ao seu discurso. O presidente falou em verificar a real necessidade de cortar gastos públicos.
— Quando eu terminei a entrevista, a manchete de alguns comentaristas era de que o dólar subiu pela entrevista do Lula. Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista. 15 minutos antes. Então esse mundo perverso, das pessoas colocarem para fora o que querem, sem medir a responsabilidade do que vai acontecer, é muito ruim — reclamou.
Lula disse também que “vai quebrar a cara” quem apostar no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real.
— Quem estiver apostando em derivativos vai perder dinheiro nesse país. As pessoas não podem ficar apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real. Eu já disse em 2008. Quem não lembra a quantidade de empresa que quebrou? As pessoas acharam que era importante ganhar dinheiro apostando no fortalecimento do dólar e no enfraquecimento do real e quebraram a cara. E vão quebrar outra vez. Vão quebrar porque eu não voltei a ser presidente para dar errado. Eu só voltei porque eu tenho consciência de que vai dar certo esse país — avisou.
Aos conselheiros, Lula falou também sobre a desoneração da folha de 17 setores da economia e sobre a necessidade de, segundo ele, “empresários e Senado” apresentarem uma proposta de compensação.
O presidente deixou claro, mais uma vez, que não cabe ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), encontrar a solução, uma vez que a posição do governo foi de pôr fim à desoneração, medida derrubada pelo Congresso.
— Eu não sou contra a desoneração. Na crise de 2008, os empresários mais velhos se lembram, eu fiz R$ 47 bilhões de desoneração. Qual era a diferença da minha desoneração e da de hoje? É que sentavam numa mesa os empresários, o ministro da Economia e os trabalhadores, e eu queria saber qual era a contrapartida para os trabalhadores. Se eu vou dar desoneração, vou aumentar a capacidade de você ter mais dinheiro, transforma isso na estabilidade pelo menos dos trabalhadores. Mas fazer por fazer? — questionou.
Lula também lembrou o alto volume de críticas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
— E veja que engraçado: eu vetei, foi derrubado meu veto, nós entramos na Suprema Corte. A Suprema Corte deu um prazo para que empresários, governo e Senado encontrassem uma alternativa. O Haddad pensou em uma alternativa. O Haddad tomou tanta porrada… Nunca pensei que esse moço bondoso seria tão achincalhado. E foi. Foi porque fez uma coisa que não era dele. Então eu falei: não fica nervoso não, Haddad. A necessidade de apresentar a compensação é dos empresários e do Senado. Se não apresentar, fica mantido o veto. Por que ficar nervoso com isso? — voltou a questionar.
O presidente também abordou a necessidade de fortalecer a indústria, citando como exemplo as siderúrgicas, que sofrem com a competição externa e já procuraram o governo, segundo Lula, buscando uma taxação maior para os produtos chineses.