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22/06/2024 às 19h35min - Atualizada em 22/06/2024 às 19h35min

Presidente da Argentina é recebido com protestos na Alemanha

Centenas de pessoas saíram às ruas de Hamburgo para protestar contra presidente argentino. Na cidade, Milei recebeu medalha de um controverso grupo neoliberal que mantém laços com políticos de ultradireita.

História de CdB
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Jornais alemães descreveram a visita de Milei à Alemanha como a de um “convidado difícil” © Fornecido por Correio do Brasil

Por Redação, com DW – de Berlim

Centenas de manifestantes protestaram neste sábado em Hamburgo, no norte da Alemanha, contra o presidente da Argentina, Javier Milei, que está na cidade para receber uma homenagem de uma fundação neoliberal que tem laços com políticos de ultradireita. 

A convocação para a manifestação foi feita por organizações da diáspora argentina e latino-americana, ONGs alemãs e organizações de esquerda.

No domingo, Milei ainda deve se reunir brevemente com o chanceler federal Olaf Scholz, numa visita que teve a programação drasticamente reduzida nos últimos dias.

Homenagem de grupo associado à ultradireita

Com faixas com mensagens como “Miséria Neoliberal”, alguns ativistas se reuniram em frente ao hotel onde Milei recebeu nesta tarde a medalha da Sociedade Hayek, um think tank fundado em 1998 originalmente para promover ideias liberais do economista austríaco Friedrich Hayek (1899-1992).

Nos últimos anos, porém, a sociedade passou a ser vista como uma entidade controversa após entrada de vários membros do partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), num movimento que chegou a ser descrito por um antigo membro liberal como um processo de “infiltração por reacionários”. Como resultado, dezenas de antigos membros liberais deixaram a sociedade nos anos 2010.

“Mês anti-Milei”

Paralelamente aos protestos em frente ao hotel onde Milei recebeu a homenagem, outras cerca de 400 pessoas, segundo a emissora regional NDR, marcharam para pedir a anulação da entrega da medalha, empunhando cartazes onde se liam mensagens como “Milei não é liberdade, é fascismo” e “A Argentina não está à venda”.

A convocação fez parte do chamado “mês anti-Milei”, uma série de eventos convocados em vários pontos da Alemanha por uma plataforma de organizações argentinas e alemãs.

A agenda de protestos contra o presidente argentino termina neste sábado em Berlim com um “festival da democracia” que inclui aulas de tango e música ao vivo.

Enquanto isso, as manchetes dos principais jornais alemães descreveram neste sábado a visita de Milei como a de um “convidado difícil”.

Visita reduzida

Depois de receber a Medalha Hayek em Hamburgo, Milei viajará para Berlim, onde se reunirá no domingo com o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, no que foi descrito pelas autoridades como uma “breve visita de trabalho” que acabará sendo mais curta do que o esperado inicialmente.

Originalmente, o argentino seria recebido com honras militares e deveria participar de uma coletiva de imprensa conjunta com Scholz. Mas os planos foram modificados na última hora, segundo o governo alemão, devido à recusa do presidente argentino em falar com os jornalistas.

– No final é uma visita de trabalho muito breve, por vontade do presidente argentino – explicou na sexta-feira o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, que frisou que houve uma “recusa clara” de Milei em participar de uma coletiva de imprensa. Segundo Hebestreit, o chanceler Scholz “se reúne com muitos chefes de Estado e de governo (…), ele é mais próximo de alguns do que de outros (…). Ele também conversa com parceiros difíceis”.

No entanto, os meios de comunicação alemães também especularam que o encurtamento da visita pode estar relacionado com os comentários do porta-voz do governo alemão que nesta semana descreveu declarações agressivas de Milei contra primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, como “de mau gosto”. Em maio, durante viagem a Madri para participar de uma convenção do partido espanhol de ultradireita Vox, Milei se referiu à esposa do premiê espanhol, Begoña Gómez, como uma “mulher corrupta”, gerando tensão diplomática entre a Espanha e a Argentina.


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