A ida de Jair Bolsonaro (PL) para a embaixada da Hungria para permanecer lá por dois dias, depois de ter seu passaporte apreendido por ordem do STF, de ver dois de seus principais assessores presos e de fazer um vídeo incendiário convocando seus seguidores radicais para uma manifestação repercutiu em todo o planeta, como mostrado na segunda (25) após divulgação de um vídeo da escapada pelo The New York Times. Pois saibam que até em terras húngaras o fato teve bastante ressonância e a abordagem da imprensa de lá mostra que ninguém tem dúvidas do que o ex-presidente brasileiro fez.
Entre os três maiores e mais influentes jornais do país, dois deles disseram claramente que Bolsonaro “fugiu” para a embaixada da Hungria para não ser preso, e no terceiro o assunto foi simplesmente ignorado. O ‘Magyar Hirlap’ foi o veículo que não repercutiu o acontecimento, enquanto o ‘Magyar Nemzet’ afirmou em sua manchete que o ex-chefe de Estado sul-americano “está atualmente sob processo criminal em seu país e é suspeito de se preparar para um golpe depois de perder as eleições presidenciais de 2022” o que o fez então “buscar refúgio na embaixada da Hungria”, ainda que este periódico diga em sua chamada que Bolsonaro “sofre perseguição política”.
Já o Blikk, outro gigante da imprensa local, foi mais contundente ao afirmar já no título que o caso “foi um escândalo gigante” e que “o embaixador húngaro foi convocado depois que Bolsonaro, ao escapar da prisão, se escondeu na embaixada”, trazendo uma matéria em tom crítico, na qual lista as acusações que pesam contra o líder radical brasileiro.
A Hungria é governada há anos pelo primeiro-ministro Viktor Orbán, uma das figuras mais proeminentes da extrema direita mundial, que mantém uma relação de proximidade e contato permanente com Bolsonaro, o que faz crer que a tentativa de asilo do ex-presidente tenha sido previamente combinada e planejada meticulosamente.