Neste sábado (29), dezenas de manifestações contra o governo do presidente Jair Bolsonaro ocorreram em dezenas de capitais brasileiras e no distrito federal. Os manifestantes pediram o impeachment do presidente da República e demandaram a aceleração da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Outras pautas também surgiram, como a defesa de instituições federais de ensino, afetadas por cortes no orçamento da União, ampliação do auxílio emergencial e fim da violência policial.
Os manifestantes se reuniram em ruas e avenidas principais de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Maceió, João Pessoa, Porto Velho, Recife e Aracaju.
Também houve protestos fora do Brasil registrados em Londres, na Inglaterra, e em Berlim, na Alemanha.
Ainda não se sabe quantas pessoas participaram dos atos. Até o começo da noite, os organizadores e as autoridades não haviam se pronunciado a respeito.
Coordenados por grupos de esquerda, os atos aconteceram com palavras de ordem contrárias ao governo e pelo impeachment de Bolsonaro, além de faixas e placas pedindo por mais vacinas contra Covid-19, aumento do auxílio emergencial, pelo fim dos cortes de verbas na educação e pelo fim da fome, que se agravou com a pandemia.
Em São Paulo, os manifestantes se reuniram no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. A organização do movimento na capital paulista inflou um boneco de Bolsonaro com alusões a cloroquina, medicamento sem comprovação científica para tratamento da Covid-19 que é defendido pelo presidente.
No fim da tarde, os manifestantes começaram a caminhar sentido à avenida da Consolação, na região central da cidade.
Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), o ato reuniu 100 mil pessoas ao longo do dia, informação não confirmada pela PM paulista, que não divulga estimativas sobre o tamanho de manifestações.
Também foram registradas manifestações no interior do estado de São Paulo nas cidades de Campinas, Piracicaba, Sorocaba, Bauru e Marília.
No Rio de Janeiro, milhares de pessoas atravessaram a avenida Presidente Vargas, no centro da capital fluminense. Um boneco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi inflado. Placas e faixas contrárias a Bolsonaro também marcaram o ato. A caminhada foi encerrada pouco depois das 13 horas.
No último domingo (23), o Rio de Janeiro foi palco da "motociata" de Bolsonaro, que contou com a participação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, políticos e apoiadores do governo. Neste sábado, as pistas centrais e a lateral da avenida Presidente Vargas, no sentido Candelária, ficaram interditadas para o tráfego.
Em nota, a Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que a manifestação "transcorreu de forma pacífica e foi encerrada no Centro da Cidade sem alterações ou intercorrências".
Também houve protestos durante a manhã na rua das Laranjeiras, na capital, e nas cidades de Macaé e de Rio das Ostras.
Em Brasília, os manifestantes caminharam pela Esplanada dos Ministérios, em clima pacífico. O ato foi encerrado ainda no início da tarde. Segundo os organizadores, cerca de 20 mil pessoas participaram a pé e em carros do ato. A PM do Distrito Federal não divulgou estimativa de público.
A manifestação começou por volta das 9h com palavras de ordem contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, a favor da vacina e do aumento do valor do auxílio emergencial. Os manifestantes também levantaram um boneco inflável satirizando o presidente. Com bandeiras, cartazes e faixas, eles desceram pela Esplanada até o gramado em frente ao Congresso Nacional, onde o ato foi encerrado
A carreata foi convocada por lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Central Única dos Trabalhadores (CUT). As lideranças das frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos convocaram os manifestantes a se concentraram em Frente ao Museu Nacional.
Em Belo Horizonte, manifestantes que lideraram a caminhada pelo centro da cidade, na região da Praça da Liberdade, com faixas com os dizeres "nem tiro, nem cadeia, nem covid, nem fome. Fora genocida". Nas imagens, foi possível identificar pontos de aglomeração de pessoas, embora os manifestantes tenham usado máscara.
Participaram dos protestos na capital mineira movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de oposição ao governo. Os manifestantes também pediram o fim da violência policial. A Polícia Militar não divulga estimativas de quantas pessoas compareceram ao ato.
Durante a caminhada, os manifestantes cantaram a música "Para não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré, entoada em protestos contra a ditadura militar (1964-1985). Das janelas dos prédios, houve panelaço em apoio aos manifestantes e fritos de "fora, Bolsonaro".
Houve um princípio de tumulto quando um motorista, irritado com a manifestação, tentou passar pelas pessoas e chegou a entrar com o carro em uma ciclovia, quase atingindo um ciclista, na avenida Augusto de Lima. "Veio um Sandero prata na contramão e avançou sobre os manifestantes, virou a rua Rio de Janeiro para fugir, quase derrubou um ciclista, desceu do carro fingindo ter algo na mão. Nós nos afastamos com medo e ele se foi", disse a servidora da UFMG Clarissa Vieira, ainda ofegante. O professor Danilo Marques, que estava junto, acionou a polícia, mas o homem já tinha ido embora. Ao chegar à praça da Estação, por volta das 13h30, o protesto se dispersou.
A manifestação contra Bolsonaro em Manaus se concentrou na Praça da Saudade, centro comercial da capital amazonense. Cerca de 400 participantes, segundo os organizadores, gritaram palavras de ordem e cobraram mais vacinas, além de defender o impeachment do presidente. Entre outras pautas citadas em cartazes e faixas, estavam frases contra a reforma administrativa e a favor de mais recursos para a Educação. O ato ainda cobrou a volta do auxílio emergencial de R$ 600.
Uma das líderes do movimento, a servidora pública Juliana Rebouças, 29 anos, afirmou que os organizadores não descartam novas manifestações contra o governo federal por causa da gestão durante a pandemia da Covid-19 no País.
Da Praça da Saudade, os manifestantes fizeram uma caminhada até o Largo São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas. Lá foram feitos discursos, com palavras de ordem contra o governo federal.
A Polícia Militar acompanhou a manifestação, que contou também com o apoio de agentes de trânsito da cidade. O ato acabou por volta das 17h deste sábado.
Em Recife, o ato que acontecia pacificamente no início da manhã deste sábado foi reprimido pela Polícia Militar (PM) no começo desta tarde com uso de gás lacrimogênio e balas de borracha. Vídeos postados nas redes sociais mostram os manifestantes sendo dispersados pela PM.
A vereadora Liana Cirne (PT) foi atingida por um jato spray de pimenta disparado por policiais militares na avenida Dantas Barreto, na região central do Recife. O momento em que Liana é atingida e cai no chão foi registrado em vídeo e rapidamente se espalhou nas redes sociais.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSD), determinou a abertura de uma investigação decidiu afastar o comandante da operação e os demais policiais envolvidos no casos enquanto durar o inquérito.
Ao comentar o caso, a vice-governadora do estado, Luciana Santos (PCdoB) afirmou que a "ação da PM contra manifestantes não foi autorizada pelo governo do Estado". "Nós estamos ao lado da democracia. Os atos de violência, que repudiamos desde já, estão sendo apurados e terão consequências", disse em vídeo postado nas redes sociais.
Em nota, a Comissão Executiva da Câmara Municipal do Recife repudiou a ação da PM pediu que o governo de Pernambuco seja ágil em apurar o ocorrido.
Na capital baiana, os manifestantes que se reuniram no Largo do Campo Grande e seguiram em caminhada pela avenida Sete de Setembro. Os protestos demandaram o fim da fome, mais vacinas contra a Covid-19 e também o fim dos cortes nas verbas da Educação.
Uma grande faixa foi estendida no chão pedindo "vida, pão, vacina e educação". Um grupo evangélico levantou uma faixa com os dizeres "evangélicos pelo impeachment". A PM da Bahia também não divulgou estimativas sobre a quantidade de manifestantes.
Houve distribuição de máscaras PFF2 na tentativa de garantir a segurança sanitária durante a caminhada.
Cerca de 400 máscaras de proteção facial do modelo PFF2 foram doadas para distribuição durante o protesto contra o presidente Bolsonaro em Fortaleza. Os críticos do governo se concentraram na tarde deste sábado na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica reduto de movimentos sociais na cidade.
A pauta do protesto coincidiu com as demais movimentações pelo País. Os manifestantes foram às ruas com faixas e cartazes pedindo impeachment do presidente, pela compra de mais vacinas contra a Covid-19 - e responsabilizando o governo pelas mais de 450 mil mortes no País em decorrência da doença.
Ainda durante a manhã deste sábado, o grupo de médicos Coletivo Rebento e a organização de mulheres Ser Ponte estenderam faixas nos semáforos de vários pontos de Fortaleza, chamando atenção para a luta em defesa da vida e da vacinação ampla e rápida.
O atual decreto do governo do Ceará proíbe a circulação de pessoas e aglomerações em espaços públicos, como praças, calçadões e praias, durante o fim de semana, exceto para a prática de exercícios individuais ou deslocamentos para atividades essenciais.
Em Maceió, manifestantes se encontraram na avenida Fernandes Lima e carregaram faixas de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS) e placas com os dizeres "vacina sim".
Também houve protestos em João Pessoa (PB) e Aracaju (SE) em algumas das principais ruas e avenidas das cidades.
No sul do país, a cidade de Florianópolis teve manifestantes nas ruas até o começo da tarde. A manifestação aconteceu no Largo da Alfândega e chegou a interditar uma avenida. Os integrantes do protesto levantaram faixas e cartazes pedindo o impeachment de Jair Bolsonaro. Uma das faixas pedia "vacina no braço e comida no prato". Segundo a Polícia Militar, cerca de cinco mil pessoas compareceram ao ato.
Em Curitiba, os manifestantes se reuniram na praça Santos Andrade, no centro da cidade, e, em cartazes, fizeram referência as mais de 450 mil pessoas que já morreram em decorrência da Covid-19 no Brasil e pediram a valorização da educação. Houve faixas em defesa da Universidade Federal do Paraná, que fica na praça onde o ato teve início. Não há estimativa de quantas pessoas compareceram ao ato.
As manifestações em Porto Alegre aconteceram durante a tarde deste sábado no centro da capital gaúcha, por onde os manifestantes marcharam pedindo o impeachment de Bolsonaro e fizeram demandas por proteção governamental a pessoas vulneráveis. O grupo caminhou até a Usina do gasômetro, ponto turístico da capital gaúcha, onde houve discursos de lideranças do ato.