O quadro — desfavorável aos trabalhadores argentinos — é explicado pela desvalorização do peso e o reajuste inferior à inflação anunciado pelo governo Javier Milei.
Em janeiro, o salário-mínimo pago na Argentina foi de 156 mil pesos. Pela cotação oficial, o valor corresponde a US$ 188. No Brasil, no mesmo mês, o mínimo foi de R$ 1.412 – ou cerca de US$ 285 pela taxa de câmbio do período.
Ou seja, o valor pago no Brasil foi US$ 96 superior ao praticado na Argentina. Em termos proporcionais, os brasileiros receberam 51% a mais que os argentinos.
Na noite desta terça-feira (20), o governo Milei anunciou o reajuste de 30% do salário mínimo em duas parcelas, em fevereiro e março. O novo valor foi anunciado após negociações frustradas entre patrões e empregados.
Durante essas negociações, o presidente argentino chegou a declarar que o governo poderia desistir de estabelecer um valor e que a remuneração mínima deveria ser negociada diretamente entre patrões e empregados.
O aumento de 30% será aplicado sobre o valor que vigorava desde dezembro. Esse reajuste, porém, cobre pouco mais que o aumento de preços em 45 dias na economia argentina.
Nos 31 dias de janeiro, a alta dos preços na economia argentina ficou em 20,6% e, em 12 meses, a inflação soma 254,2%.
Com o reajuste de fevereiro, o mínimo argentino sobe, em dólares, para cerca de US$ 214, mesmo assim abaixo do valor pago no Brasil.
Se mantida a taxa de câmbio, o valor previsto para março equivalerá a US$ 242. Mesmo assim, será 15% menor que o praticado no Brasil.