A ex-noiva do deputado bolsonarista Zé Trovão (PL-SC), Ana Rosa Schuster, que denunciou o parlamentar por agressão, quebrou o silêncio e falou sobre o ocorrido. Atualmente, ela está sob medida protetiva com base na Lei Maria da Penha. Em depoimento à polícia, Ana afirma que levou "tapas" e foi "enforcada" pelo parlamentar de extrema direita.
Em entrevista ao site Metrópoles, Ana Rosa criticou a postura de Michelle Bolsonaro diante da violência que sofreu nas mãos de Zé Trovão. 'O silêncio da Michelle Bolsonaro incomoda. Afinal, ela preside o PL Mulher, cuja pauta gira justamente em torno da defesa das mulheres. No entanto, o que se percebe, na prática, é que isso vale para todos os casos, exceto para os que possam vir a afetar políticos homens do PL, o que é um absurdo', declarou Ana Rosa Schuster.
Em seguida, Ana Rosa afirma que não espera nada do PL, partido de Zé Trovão. 'A verdade é que não espero nada do PL, até porque nem sou filiada. Mas, obviamente, um aceno de solidariedade não seria rejeitado por mim. Nós, mulheres, precisamos nos unir cada vez mais para enfrentar as violências praticadas pelos homens. Cabe registrar que fui procurada por diversas parlamentares, de vários partidos, com importantes manifestações de apoio, exceto pelo PL, o partido de Zé Trovão', revelou.
Eleito na onda de ódio propagada na horda de apoio a Jair Bolsonaro (PL), o deputado Marcos Antonio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão (PL-SC), está proibido pela Justiça de se aproximar da ex-noiva, Ana Rosa Schuster, que denunciou uma rotina de agressões, ameaças e violência psicológica, que culminou em agressão física no último domingo (19).
"Em determinado momento, Marcos (nome de Zé Trovão) apertou forte o pescoço da declarante, como se quisesse enforcá-la, e disse: 'Vou acabar com você'", diz relatório da Polícia Civil sobre o depoimento de Ana Rosa.
Nesta segunda-feira (20), Carlos Fernando Fecchio dos Santos, juiz da 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar de Brasília, concedeu uma série de medidas protetivas, entre elas uma que obriga o deputado bolsonarista a manter uma distância mínima de 300 metros da ex-noiva. Além disso, Zé Trovão está proibido de tentar quaisquer tipos de contato, por telefone ou redes sociais.
Santos ainda determinou que Zé Trovão saia da casa onde vivia com a ex, levando com ele "apenas os bens de uso estritamente pessoal (vestuário, documentos, utensílios de trabalho), devendo informar ao Juízo natural da causa, no prazo de 48 horas, o novo endereço".
Ana Rosa contou ainda que foi agredida outras vezes e ressaltou que vivia uma rotina de violência com o deputado, com quem vivia há 11 meses.
Segundo ela, “o relacionamento sempre foi abusivo, permeado por violência psicológica e ofensas constantes”. O bolsonarista ainda a teria ameaçado ao menos duas vezes com uma faca.
A primeira vez foi no dia 9 de setembro e a a segunda teria ocorrido há cerca de uma semana, quando eles teriam terminado o relacionamento, mas decidido que ficariam na mesma casa até 29 de novembro.
Em vídeo, com fala mansa, nas redes sociais, Zé Trovão nega as acusações. "Sempre defendi a segurança de todas as pessoas, especialmente das mulheres. Qualquer insinuação de comportamento agressivo de minha parte é totalmente falsa e contrária aos princípios que norteiam minha conduta", escreveu.
Em nota, o parlamentar ainda afirmou que "lamenta o ocorrido" e diz que foi a ex-noiva quem o agrediu.
"Lamentando o ocorrido, o Deputado esclarece que, apesar de já estarem separados há algumas semanas, a ex-noiva se recusava a aceitar o fim do relacionamento e, num momento de exaltação em uma discussão, ela o agrediu fisicamente. O Deputado apenas a conteve, sem jamais feri-la".
O deputado ainda diz que foi ele quem chamou a polícia "com a intenção de preservar ambos".
"Em seguida, todos se encaminharam à delegacia. Zé Trovão reafirma que jamais agrediu a ex-noiva, ressalta que tem respeito e consideração pelo período em que estiveram juntos e que todos os fatos foram devidamente elucidados junto à autoridade policial. O Deputado se coloca à disposição para eventuais esclarecimentos necessários", diz o texto divulgado pela assessoria.
Zé trovão acumula um conjunto de polêmicas desde que se tornou influenciador digital na horda bolsonarista, que o levou à Câmara Federal.
Ex-caminhoneiro, que virou youtuber, ele se tornou conhecido por articular atos golpistas no 7 de Setembro de 2021 e chegou a ser preso após fugir para o México. Teve a prisão convertida e passou a usar tornozeleira eletrônica.
Natural de São Paulo, ele já foi casado duas vezes. Teve quatro filhos com sua segunda esposa, Jessica. A família saiu da casa na semana dos protestos de 7 de setembro, após pelo menos três visitas da Polícia Federal.
Em maio deste anos, Zé Trovão teve exposta uma foto em que aparece usando cocaína após pedir a prisão do presidente venezuelano Nicolas Mauro, que visitava o Brasil, por narcotráfico.
"Só para informação de todos: nós enviamos uma nota de repúdio e um informativo à Embaixada dos EUA no Brasil sobre a presença do ditador comunista, bandido, traficante Nicolás Maduro. Estou aguardando uma resposta da embaixada americana, que eu espero que tome providências muito severas contra o Luiz Inácio Lula da Silva”, declarou Zé Trovão em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Diante da ação bizarra, internautas resgataram uma foto em que o bolsonarista aparece posando diante de carreiras de cocaína e trouxas de maconha - fato que mostra a hipocrisia de um parlamentar que diz defender a "família" e que dispara contra o "narcotráfico" ao pedir a prisão de um presidente.
Zé Trovão já havia confirmado que é ele quem aparece em uma foto consumindo cocaína em uma mesa com pacotes de maconha.
Em vídeo enviado ao site O Município Joinville, Zé Trovão confirmou que é ele o homem da foto. “Essa foto é de 2017… 2018… É de uma fase da minha vida que eu não me orgulho nenhum um pouco e tento esquecer todos os dias”, declarou, dizendo ainda que já foi dependente químico e que hoje tem "orgulho" de ter vencido o "vício".