“Vai, Chupetinha”: Nikolas Ferreira não é a vítima, mas sim o criminoso. Pablo Valadares/Câmara dos DeputadosO deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) está desde a noite desta terça-feira (28) declarando que foi vítima de discurso de ódio por parte da esquerda. Em um tuíte inacreditável, vejam só, ele diz que a esquerda usa a homossexualidade para atacá-lo.
"A tara da esquerda é acusar hétero de ser gay. Usam a homossexualidade como ofensa. E ainda recebe aplausos do Felipe Neto e cia. Só pra registrar mesmo", declarou, de maneira vitimista, Nikolas Ferreira.
A tara da esquerda é acusar hétero de ser gay. Usam a homossexualidade como ofensa. E ainda recebe aplausos do @felipeneto e cia. Só pra registrar mesmo.
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) March 28, 2023
O motivo da queixa do parlamentar é que, durante o momento em que foi realizar a sua pergunta ao ministro da Justiça Flávio Dino, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados, realizada nesta terça-feira (28), foi chamado de "chupetinha".
?? Deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) é interrompido durante fala na sabatina ao ministro Flávio Dino: “vai, chupetinha”. pic.twitter.com/hZ5g0lDqVF
— Eixo Político (@eixopolitico) March 28, 2023
Notório produtor de fake news, Nikolas Ferreira correu para afirmar que tinha sido vítima de homofobia. Parlamentares e comunicadores da extrema direita correram para se solidarizar e declarar que Ferreira era vítima de "homofobia do bem". E pasmem, pessoas do campo progressista embarcaram nessa tese. Spoiler: não passa de um truque para gerar chamadas nos veículos tradicionais e volume de dados nas redes.
É preciso colocar Nikolas Ferreria em seu devido lugar: trata-se um político fundamentalista e que propaga ódio contra a comunidade LGBT por meio de suas redes sociais e em sua atividade como político.
Para Nikolas Ferreira homofobia não existe, mas sobra ódio às LGBT. Os fatos não deixam mentir.
Para que não reste dúvidas de que Nikolas Ferreira não é vítima de homofobia, mas sim um dos principais propagador de ódio às LGBT no Brasil, um breve retrospecto:
No Dia Internacional da Mulher, Nikolas Ferreira subiu na tribuna da Câmara, vestiu uma peruca e destilou ódio contra as travestis e transexuais. Debochou e afirmou que, naquele dia, o seu nome era "Nikole".
?️A Transfobia de Nikolas Ferreira
— Central da Política (@centralpolitcs) March 8, 2023
Numa “performance” patética o Deputado Federal Nikolas Ferreira (PL-MG) atacou mulheres trans em pronunciamento na Câmara. pic.twitter.com/7rwgy9bMqo
Pressionado por todos os lados, o parlamentar mostrou todo o seu "amor" pelas LGBT. Em vídeo publicado nas suas redes, o parlamentar afirmou que "o ativismo LGBT é o mais persecutório que existe".
"O ativismo LGBT é o ativismo mais persecutório que existe. Ou você concorda, ou você deve ir para cadeira", declarou Nikolas Ferreira.
A polêmica…peruca. pic.twitter.com/lmspTB2xKd
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) March 9, 2023
De acordo com a denúncia apresentada por Duda Salabert, Nikolas Ferreira disse o seguinte: "Eu ainda irei chamá-la de 'ele'. Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independente do que ele acha que é".
Em outro momento de deboche contra as pessoas LGBT, Nikolas Ferreira, ao participar de uma edição do programa Pânico, surgiu vestido com uma camiseta com a sigla LGBT, mas, ao invés da referência correta: Liberty, Guns, Bolsonaro, Trump".
Além desses fatos mais recentes, há uma lista imensa de declarações de Nikolas Ferreira contra as pessoas LGBT, de que "os ativistas buscam uma imposição dos gêneros deles em cima das outras pessoas".
Para se ter uma noção do ódio que Nikolas Ferreira sente pela comunidade LGBT, depois de seu discurso transfóbico no Dia Internacional da Mulher, o parlamentar publicou uma foto com "ex-travestis" e "ex-homossexuais". Em publicação no Twitter, Ferreira declarou iria ajudar o grupo a "voltar ao seu sexo original".
Que coisa linda, Deputado Nikolas Ferreira @nikolas_dm foi procurado pela "minoria" da "minoria", em seu gabinete hoje em Brasília. Veja os depoimentos ⬇️ https://t.co/MrPgYQeAWS pic.twitter.com/wGbDHPFBti
— Luli (@crisdemarchii) March 15, 2023
Nikolas Ferreira não é um produto original, mas sim um resultado de um modus operandi de fazer política elaborado pelo pastor Silas Malafaia e o senador Magno Malta, duas figuras que ganharam muita popularidade no começo dos anos 2000 ao escolher a comunidade LGBT como a sua inimiga número 1.
Esse grupo político formado por fundamentalistas passa a ganhar notoriedade em sua militância contra o PLC 122/06, de autoria da então deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), que visava tornar crime os discursos de ódio.
Pode-se dizer que o grupo de Malafaia e Magno Malta inventaram a primeira fake News contra a comunidade LGBT: ao distorcer o projeto de lei, inventaram que o texto visava criminalizar os discursos, de maneira geral, dos líderes religiosos. Com dinheiro e muita mídia, esse discurso se espalhou pela sociedade brasileira.
É a partir deste momento histórico que também se populariza a ideia de que as pessoas LGBT buscam por privilégios e não por direitos civis.
Essa retórica do ódio produziu uma série de personagens, entre elas o ex-presidente da República.
Tais figuras seguiram e seguem adiante porque sempre houve, assim como ocorre agora com o caso de Nikolas Ferreira, uma certa complacência com as atitudes criminosas destes parlamentares e militantes do ódio.
Nikolas Ferreira não é a vítima, mas sim o criminoso.
