O ministro israelense dos Negócios Estrangeiros, Eli Cohen, tão ou mais de extrema direita do que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, admitiu na segunda-feira (13/11) que aumenta a pressão sobre Israel por um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Cohen estimou que a janela política que resta para Israel até a um aumento significativo na pressão internacional é de cerca de duas a três semanas, mas esclareceu ao mesmo tempo que a pressão não deve impedir Israel de completar as missões de guerra.
Completar quando? Ele não disse. Completar como? Com a reocupação da Faixa de Gaza? Com o confisco de novas extensões de terra na Cisjordânia onde Israel já plantou centenas de colonos fortemente armados e protegidos por seu exército? Não disse.
Palavras de Cohen, talvez em um rasgo de sinceridade:
“Do ponto de vista político, reconhecemos que Israel está sob mais pressão. A pressão não é muito alta, mas está aumentando. Há também aqueles que solicitam – não publicamente – que nos esforcemos por um cessar-fogo”.
Segundo Cohen, a mudança de humor em relação a Israel está enraizada na transição da cobertura global da guerra para se concentrar no que está a acontecer em Gaza, enquanto diminuiu a preocupação com o ataque do Hamas em 7 de outubro.
Cohen queixou-se:
“Nas conversas que mantenho com os ministros dos Negócios Estrangeiros, eles enfatizam a questão humanitária [em Gaza]. Sua identificação e seu choque com o massacre de 7 de outubro são reduzidos. Conseguimos captar a cobertura do massacre e das imagens difíceis durante mais de um mês. Mas, nos últimos dias, a mídia mundial mostra principalmente imagens de Gaza”.
É natural. Essa é uma guerra assimétrica. De um lado, as Forças de Defesa mais poderosas do Oriente Médio; do outro, o Hamas, cerca de 30 mil combatentes que não negam o propósito de destruir Israel; no meio, os palestinos sob bombas.
O presidente Joe Biden, dos Estados Unidos, ficará rouco de tanto repetir que os hospitais de Gaza cercados por Israel “devem ser protegidos”. A Organização Mundial da Saúde disse que o maior hospital do enclave, o Al-Shifa, “não funciona mais como hospital”.
Dezenas de funcionários do Departamento de Estado americano assinaram memorandos internos expressando sério desacordo com a abordagem da administração Biden à campanha militar de Israel em Gaza. Foram pelo menos três memorandos.
O mais recente deles propunha que Israel trocasse os prisioneiros palestinos que retém, alguns dos quais não condenados, pelos mais de 240 cidadãos de Israel sequestrados pelo Hamas. As famílias dos sequestrados cobram, furiosamente, a libertação dos seus parentes.
“Minha família não foi sequestrada por causa do Hamas. Foi sequestrada porque o exército não apareceu para nos defender. O Hamas é minúsculo se comparado ao gigante Israel”, declarou Avichai Brodatz em entrevista ao Canal 12, no domingo último.
Hagar, mulher de Brodatz, e os filhos Ofrio, Yuval e Uriah estão nas mãos do Hamas. Há um mês, as famílias dos reféns foram pressionadas por Cohen para que não comparecessem a uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Não pegaria bem para a imagem do governo de Netanyahu, que se diz capaz de resolver os problemas de Israel. Para isso, pede apenas mais armas aos aliados, mais armas, e respeito ao seu direito de defender-se como quiser e achar melhor.
Netanyahu quer um cheque em branco. Não terá. Nem dos seus governados.