O delegado Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal pelo PL-RJ, era o diretor-geral da Abin no período em que houve o suposto uso irregular de um sistema secreto de monitoramento de geolocalização de celulares, alvo da Operação Última Milha. Ele, porém, não foi alvo de mandados cumpridos.
"Rogamos que as investigações prossigam atinentes a fatos, fundamentos e provas, não se levando por falsas narrativas e especulações", escreveu em rede social o ex-diretor da Abin sob Bolsonaro, nesta sexta.
Ramagem passou a ganhar força no PL quando outra opção foi atingida também por uma operação da PF: o general da reserva Walter Braga Netto. A Operação Perfídia, deflagrada no mês passado, apura fraudes em compras do Gabinete de Intervenção Federal, comandado pelo ex-ministro de Bolsonaro.
O ex-chefe da Abin e Braga Netto foram 2 dos 3 nomes incluídos nas pesquisas do PL-RJ para preparar a definição do nome para enfrentar Paes. O terceiro foi o senador Carlos Portinho, atualmente o que tinha menos chances de ser escolhido.
Uma quarta opção do ex-presidente é o general da reserva Eduardo Pazuello, também deputado federal. Sua pré-candidatura, porém, não tem sido considerada viável na sigla.
Dentro do PL, a avaliação é de que qualquer candidato apoiado por Bolsonaro é viável para chegar ao segundo turno no Rio de Janeiro, cidade em que o ex-presidente venceu Lula na eleição presidencial no ano passado.
Contudo, a indefinição e investigações sobre os nomes do PL-RJ têm embaralhado a oposição a Paes e estimulado o lançamento de novas pré-candidaturas à direita.
Além de Portinho, os deputados Rodrigo Amorim (PTB-RJ) e Otoni de Paula (MDB-RJ) são os que já deixaram pública a intenção de disputar o cargo. Outros ainda se movimentam nos bastidores.
"Eu, Otoni e Portinho estamos tendo um diálogo muito cordial. É necessário entender como fazer a oposição a Eduardo Paes. A nossa dúvida é qual o melhor volume de candidatura para isso. O que não podemos permitir é que o segundo turno seja a esquerda contra a esquerda", disse Amorim.
O deputado se refere a um possível segundo turno entre Paes (a quem ele descreve como de esquerda, em razão do apoio de Lula) e o deputado Tarcísio Motta (PSOL), escolhido como pré-candidato em disputa interna da sigla.
Amorim tem o apoio do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (PL-RJ). Os dois avaliam uma migração para o União Brasil a fim de obter mais estrutura para uma possível campanha na capital.
Outra opção é o deputado dr. Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde da gestão Cláudio Castro (PL-RJ). O governador apoiava o nome do PP até ele deixar a pasta para assumir a liderança do partido na Câmara dos Deputados. O distanciamento do aliado da capital levou Castro a avaliar outra opções.
Uma das aventadas é do ex-deputado Índio da Costa. Apesar de filiado à União Brasil, ele está distante da política local e tem pouca viabilidade entre aliados.
Dentro do PP, o deputado Marcelo Queiroz observa os movimentos da oposição para avaliar se entra na disputa. Internamente, ele apresenta como argumento o fato de ter sido o deputado da sigla mais votado na capital. Ele conta com a simpatia do ex-governador Sérgio Cabral.
A equipe de Castro também não descarta uma possível adesão à reeleição de Paes. O movimento, brusco em relação à aliança com Bolsonaro no ano passado, dependeria de acordo bem desenhado em torno de aliança para o pleito de 2026, quando o governador pretende disputar o Senado.
Paes observa a movimentação da oposição e buscar minar os adversários e dissidentes. Ele espera contar com o apoio do presidente Lula para garantir uma aliança com o PT. Petistas cobram a vaga de vice-prefeito da chapa, o que Paes tem resistido a se comprometer.