O vídeo foi feito durante cerimônia de promoção de oficiais das Forças Armadas, no final do ano passado. Ao compartilhar o vídeo, parlamentares, ministros e influenciadores da esquerda tentaram associar o ato ao caso da venda de joias de luxo que está sob investigação da Polícia Federal (PF).
Não é possível identificar qual é item entregue pela oficial ao então presidente. A Aeronáutica afirmou, por nota, que é “uma moeda representativa de sua organização militar, sem valor financeiro”. O ato, “uma iniciativa pessoal” da militar, “é tradicional e comum entre os integrantes das Forças Armadas em todo o mundo”, segundo a FAB.
As imagens foram gravadas em 5 de dezembro de 2022 pela TV Brasil que transmitiu cerimônia oficial. No ato, Bolsonaro cumprimenta oficiais até que a brigadeiro Ana Paola Brasil Medeiros estende a mão. Nela, é possível ver um pequeno objeto. Os dois se saúdam e, após finalizar o gesto, Bolsonaro leva a mão ao bolso. Desde abril de 2023, a oficial é diretora técnica de Ensino e Pesquisa do Hospital das Forças Armadas (HFA).
Nesta mesma cerimônia, Bolsonaro chorou durante evento militar. A participação do então presidente no evento foi uma das poucas aparições públicas dele desde 30 de outubro, quando foi derrotado nas urnas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele não fez pronunciamento na ocasião.
Nesta segunda-feira, o ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) postou no Instagram o trecho do vídeo que mostra a entrega do objeto a Bolsonaro. “Imagem repugnante. Alguém suspeita o que poderia ser esse objeto dourado que passa escondido para as mãos do ex-presidente?”, questionou o ministro do governo Lula na publicação.
A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) também publicou o vídeo nas redes sociais, com a pergunta: “Alguém sabe dizer o que parece?”, e acrescentou emojis de joias ao texto.
Depois que deixou o governo, Bolsonaro passou a ser citado em investigações. Como relevou o Estadão, o então presidente atuou pessoalmente para tentar liberar o conjunto saudita de joias e relógio de diamantes trazidos ao Brasil de forma ilegal para ele. Também acionou três ministérios para forçar a liberação dos itens.
Aliados de Bolsonaro são alvos de operação
Na sexta-feira, 11, a Polícia Federal deflagrou Operação Lucas 12:2, com o objetivo de investigar um grupo, composto por aliados do ex-presidente Bolsonaro, que teria vendido joias e outros objetos de valor, como esculturas, entregues a autoridades brasileiras em missões oficiais. Entre os alvos da ofensiva estão o general Mauro César Lourena Cid – pai de Mauro Cid –, o advogado Frederick Wassef, que representou o ex-chefe do Executivo perante a Justiça, e o tenente Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.