Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Maceió são unidades especializadas em saúde mental para tratamento e reinserção social de pessoas com transtorno mental grave e persistente. Eles oferecem um atendimento interdisciplinar reunindo médicos, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras e outras especialidades. Além disso, trazem o componente da arte e do cuidado em liberdade como fundamentais para o sucesso do tratamento desses usuários.
Durante toda a semana, diversos serviços realizaram ações alusivas ao Dia da Luta Antimanicomial, celebrado no último dia 18 de maio, que teve como tema “Saúde Mental em Movimento: a Luta Antimanicomial e o cuidado em liberdade”. Um desses locais foi o Caps Sadi Feitosa de Carvalho, localizado na Chã do Bebedouro, que na última quinta-feira (19) promoveu junto aos usuários uma apresentação cultural de cordel em homenagem à cordelista alagoana, Dona Mariquinha.
Essa foi só uma das atividades terapêuticas promovidas pelo Caps Sadi Feitosa de Carvalho, que são voltadas para o desenvolvimento artístico, pessoal e emocional dos usuários, visando a integração deles com a comunidade.
Alan Cardoso é professor de teatro e servidor do Núcleo de Cultura e Reabilitação Psicossocial da unidade e fala do trabalho desenvolvido com os usuários. “A arte tem o poder de transformar, de fazer com que essas pessoas sejam protagonistas de sua própria história. Facilita o ganho de autoconfiança, de descoberta de novas possibilidades e novas formas de expressão, além disso, trabalha todos os aspectos negativos que os transtornos despertam, trazendo muitas melhorias para o tratamento deles”, destaca.
Atividades desenvolvidas no Caps
Outra importante atividade desenvolvida no Caps Sadi Feitosa de Carvalho são as oficinas de fotografia, com o projeto Luz Refletida, voltadas para o desenvolvimento do olhar artístico, da coordenação motora, possibilitando que os usuários aprendam técnicas de fotografia com finalidade terapêutica e ocupacional, além da expressão de suas ideias e histórias pessoais. Em comemoração ao Dia da Luta Antimanicomial, foi feita uma exposição de fotos de antes e depois dos usuários.
Rose Dias, responsável pelas oficinas de fotografia, fala sobre a experiência. "A ideia do projeto é justamente o resgate da autoestima, pois os transtornos mentais atingem essa visão de autoimagem que os pacientes possuem. Nessas atividades trabalhamos a questão da autoconfiança, do olhar os detalhes e o resultado é maravilhoso”, revela.
O Caps também promove atividades como rodas de conversa com terapeutas, consultas com psicólogos e psiquiatras, oficinas de dança e teatro, produção audiovisual, oficinas de desenhos, pintura, xilogravuras, criação de cordel e produtos artesanais.
Perspectiva das usuárias diante das ações realizadas
Juracy da Silva é usuária do Caps e é bastante engajada nas atividades desenvolvidas pelo serviço. Ela faz parte das oficinas de teatro, pintura e fotografia e fala dos impactos positivos em seu cotidiano.
“Muitas vezes consigo realizar coisas que jamais imaginaria. Aprendi a desenhar, a cantar e é nesse momento que percebemos a diferença entre um manicômio e o Caps. Aqui somos livres, somos vistos como iguais, é humanizado. Temos atividades para distrair a mente, temos consultas com psicólogos e psiquiatras. É uma grande família, algo rico de viver e aqui temos a sensação de que existimos”, finaliza a usuária.
Demais serviços disponíveis no município
A Rede de Atenção Psicossocial do Município conta com cinco destas unidades – Caps Dr. Sadi Feitosa de Carvalho (Bebedouro), Caps Rostand Silvestre (Jatiúca), Caps Noraci Pedrosa (Jacintinho), Caps Infanto-juvenil Dr. Luiz da Rocha Cerqueira (Serraria) e o Caps AD (Álcool e outras drogas) Dr. Everaldo Moreira (Farol). O trabalho desenvolvido nessas unidades têm contribuído para modificar a vida de diversas pessoas que necessitam de assistência em saúde mental.