Um aceno do ex-presidente Lula (PT) ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) gerou uma onda de ataques dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a organização e contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
No começo da semana, Lula disse que o MTST vai ter papel de destaque em seu governo, caso vença a eleição de outubro. O MTST atua em áreas urbanas e é ligado a Guilherme Boulos (PSOL), aliado do petista.
Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, partiram para o ataque nas redes sociais.
O “Zero Um” se dirigiu ao “pessoal do campo” em mensagem alarmista na qual afirma que quem vai ter direitos é “o vagabundo que invadiu sua terra”, confundindo MST e MTST.
Carlos, o “Zero Dois”, escreveu que “aproximação inédita seria entre a carteira de trabalho e o líder do MTST”, em referência ao ativismo de Boulos. Já Eduardo, o “Zero Três”, acusou Lula de negociar “até propriedade que não é dele em troca de apoio” político e fez uma ilação com negociação de cargos: “imagine o que ele já não prometeu sobre ministérios e estatais”.
O MTST mapeia e invade imóveis em situação ilegal. Em artigo publicado em 2019, Boulos afirmou que “a ação do MTST é para pressionar o Estado a cumprir essas leis e destinar as áreas para moradia social”: “Podemos explicar que o MTST não vai ‘invadir sua casa’ porque jamais invadiu a casa de ninguém. Que, ao contrário, o Movimento conquista casas para pessoas que não têm. Que, para isso, ocupa imóveis vazios e abandonados de grandes proprietários, em geral, com dívidas milionárias com o Poder Público. Que esses imóveis ocupados estão em situação ilegal, por não cumprirem a função social exigida pela Constituição e o Estatuto das Cidades”.
O presidente da República também falou sobre o episódio na noite de quinta-feira. Em transmissão nas redes sociais, Bolsonaro disse que “esse pessoal produz invasão de casa, nada além disso”. E acrescentou que as invasões de propriedades rurais caíram em seu governo.