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13/02/2022 às 19h27min - Atualizada em 13/02/2022 às 19h27min

Remédios naturais para emagrecer: "A maioria não tem liberação para uso e pode ser prejudicial", diz médica

Maria Luiza e Rebecca Moura*
https://www.cadaminuto.com.br/
Médica Penélope Tabatinga / Foto: Cortesia

O caso da enfermeira paulista que teve hepatite fulminante e faleceu depois de consumir um chá emagrecedor em cápsulas, acendeu um alerta para medicamentos vendidos pela internet sem a necessidade de receita. Em Alagoas, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação com o objetivo de combater o comércio ilegal de medicamentos emagrecedores na cidade de Maceió. 

Ainda conforme a PF, os produtos vendidos ilegalmente declaram conter extratos das plantas Calunga, Carqueja, Martelinho, Garfinea e Aloe Vera. Entretanto, as análises realizadas detectaram a presença das substâncias sibutramina, fluoxetina e furosemida.

Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou que produtos com a marca "50 Ervas Emagrecedor" estão proibidos no país desde 2020, por não estarem regularizados como medicamentos.

Atualmente, há quatro medicamentos que são oficialmente regularizados no país: sibutramina, orlistate, saxenda e, a mais recente, uma associação de medicamentos, entre bupropiona e naltrexona.

Ao Cada Minuto, a médica endocrinologista, Penélope Tabatinga, explica que o remédio para emagrecer serve como um coadjuvante e nunca deve ser utilizado como o principal ponto para emagrecimento. Ele pode ser utilizado quando o paciente já está recebendo acompanhamento dietético, fazendo exercício e, mesmo assim, tem muita dificuldade de obter resultado ou é muito ansioso. “Ele é usado como um suporte a mais".

Ela afirma que existem diversos estudos e uma longa burocracia para que esses medicamentos sejam aprovados e, apenas quando são, podem ser utilizados. “O uso de remédios para emagrecer não é nada absurdo como as pessoas pensam”.

Porém, ela explica que os critérios de utilização são rigorosos e só devem ser prescritos por um médico especialista no tratamento de emagrecimento e obesidade, que é o endocrinologista.

“Muita gente não sabe, mas existe o médico especialista para ajudar pacientes a emagrecerem, que é o endócrino. Infelizmente, isso não é amplamente divulgado e as pessoas acabam procurando outros especialistas para prescrever medicamentos que, talvez, não estejam aptos a prescrever”, destaca.

Além das substâncias oficialmente aprovadas, Tabatinga esclarece que existem os tratamentos chamados off label, que são aqueles não indicados por bula para serem usados para emagrecer. “Mas, como especialistas, sabemos que trazem benefícios e podem ser usados, desde que por um endocrinologista especializado nessa área”.

Com relação às possíveis consequências do uso, Penélope afirma ainda que qualquer remédio é passível de provocar efeitos colaterais, até mesmo um para dor de cabeça. “Os efeitos colaterais devem ser informados ao médico, que vai decidir sobre como controlá-los. Em casos mais graves, pode-se diminuir a dose ou trocar o tratamento”.

Remédios naturais não tem comprovação e liberação para uso

Sobre o uso de remédios naturais, a especialista alega que a grande maioria não tem comprovação e liberação para uso no emagrecimento. “É o que aconteceu com a mulher que consumiu um remédio natural achando que não faria mal e teve hepatite fulminante, vindo a óbito”.

“Algumas pessoas procuram medicamentos naturais achando que são menos danosos do que um remédio aprovado pela Anvisa, usado no mundo inteiro para emagrecer. Na minha opinião, isso é falta de informação e conhecimento”, destaca a médica.

“É muito mais seguro ir no endócrino e usar o remédio prescrito, ao invés de escolher medicações em uma prateleira de produtos naturais ou pegar uma dica com alguém na internet. Isso, muitas vezes, não dará resultado e, se der, pode acreditar que possui algo não aprovado e prejudicial para a saúde a longo prazo”, reforça.

“Queria emagrecer de forma rápida”

A profissional autônoma, Cida Tenório, conta que passou a utilizar e teve acesso aos remédios para emagrecimento sem receita. “Não é normal nem certo, porém consegui comprá-los. Cheguei a tomar rebite e sibutramina achando que resolveria. Funcionou enquanto estava tomando, mas depois que parei era a mesma coisa de não ter tomado”.

Ela considera o uso sem prescrição como um método perigoso, mas queria emagrecer de forma rápida. “O que me motivou a usar é que me sinto gorda. Nada me faz sentir bem, se visto uma roupa nada está bom. Não me sinto bem com o corpo que tenho e nem me olho no espelho”.

“Usei sibutramina por vários meses e vi a diferença que faz, porém não recomendo tomar sem prescrição médica. Cheguei a tomar uma outra medicação, que era propaganda enganosa. Só gastei dinheiro, cerca de R$ 1.000 e não deu em nada”, relata.

Desconfie de medicamentos fáceis 

O Conselho Regional de Farmácia (CRF) alerta que desconfie de produtos com promessas milagrosas, garantindo emagrecimento fácil ou qualquer outro tipo de ação de tratamento, cura ou prevenção de doenças.


Foto: Cortesia 

Conforme o diretor tesoureiro do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas, Thiago Matos, os produtos sem registro na Anvisa não trazem garantia de eficácia, segurança e qualidade exigida para os produtos sob vigilância sanitária.

Thiago conta que sem esses requisitos mínimos, as medicações se tornam irregulares e representam um alto risco de dano e ameaça à saúde das pessoas. “Todo produto com ação terapêutica precisa estar regularizado na Anvisa como medicamento, em casos de dúvidas procure o farmacêutico ou consulte se o produto está registrado no site da Anvisa”.

Ele relata ainda que a fiscalização da comercialização de medicamentos em alguns municípios, ela acontece de forma descentralizada e realizam suas atividades de fiscalização no âmbito municipal como Maceió, Arapiraca, Penedo e União dos Palmares. Os outros municípios ficam a cargo da vigilância estadual.


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