Os casos de Covid-19 causados pela variante Ômicron podem bater recorde após as festas de final de ano e alcançar patamares semelhantes aos registrados pelos países desenvolvidos.
A previsão é de Marcelo Otsuka, infectologista, pediatra e membro do Departamento de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, que falou à CNN na manhã desta segunda-feira (3).
“A gente calcula que, pelos próximos 15 dias ou três semanas, (a variante Ômicron do coronavírus) possa atingir um pico semelhante ao da França, Reino Unido ou Estados Unidos, isso pode, sim, acontecer”, diz Otsuka.
A França registrou nos últimos dias de 2021 mais de 200 mil casos totais de Covid-19 em um único dia. O Reino Unido identificou mais de 180 mil e os Estados Unidos passaram dos 300 mil casos.
No dia 28 de dezembro, o mundo registrou recorde de infecções desde o início da pandemia, com 1,45 milhão de contaminados em um único dia. A estimativa é que a variante Ômicron seja a responsável pela maior parte dos casos na Europa.
Para Otsuka, a baixa testagem no Brasil pode dificultar a identificação de casos da Ômicron e de antigas ou novas cepas, situação agravada pela confluência dos casos de gripe pelo país, que dificulta a identificação de quadros relacionados a Covid e Influenza.
“O Brasil ainda testa muito pouco. Temos uma taxa de positividade de 38%, e esses países têm uma taxa de 8%”, afirma. “Podemos perder muitos diagnósticos, pode haver novas variantes e pessoas mais suscetíveis a terem quadros mais graves”, acrescenta.
O especialista destaca que ainda não há informações suficientes sobre se a queda da mortalidade do coronavírus está relacionada à menor letalidade da nova variante ou se é apenas resultado da vacinação.
Ele alerta que não é o momento para redução das barreiras de proteção e que o combate à desinformação ainda é um problema para que o coronavírus seja finalmente controlado após o início do terceiro ano de pandemia.
“Qualquer situação no futuro depende do comportamento da nossa população e orientações passadas a ela, o que e como fazer. É incrível que se passaram dois anos e a gente ainda bata cabeça em relação a isso”, conclui.
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