Nesta segunda-feira (27), a Defesa Civil de Maceió foi acionada para cinco ocorrências relacionadas as chuvas que atingiram a capital. Ainda assim, os agentes do órgão realizaram rondas com objetivo de identificar situações em que maceioenses estejam submetidos a riscos iminentes ao longo do dia.
O trabalho é parte da ação de monitoramento das mais de 570 áreas de risco identificadas pelo Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR). Esses pontos foram elencados devido as condições de risco relacionados aos problemas causados pela chuva, como deslizamento de encostas, inundações e enchentes, por exemplo.
O PMRR considera ainda 75 desses pontos são considerados de risco alto e muito alto. Essas áreas são monitoradas durante todo o ano pela Defesa Civil municipal.
“Maceió tem uma grande incidência de encostas, as grotas. A geografia já é propícia para o problema, e ainda temos os fatores antropogênicos, quando as pessoas vão até o local e escavam essas barreiras para construir ou ampliar os terrenos de suas casas. Isso também facilita e é o que mais influência no problema, somado as águas de esgoto e drenagem que acumulam na terra e a retirada de vegetação e acúmulo de lixo”, explicou Joanna Borba, coordenadora do Centro Integrado de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Maceió (Cimadec).
Quem nos explica isso é Osvaldo Palagani, que responde diretoria operacional do órgão. Ele esclarece que vistorias periódicas as essas áreas são realizadas ao longo de todo o ano, mesmo em períodos secos.
“No fim do mês de janeiro desse ano nós começamos um planejamento que já estava sendo executado no começo de fevereiro. Nossas equipes identificaram os locais mais críticos e já fomos encaminhando para que as secretárias da gestão fossem executando a colocação de lona em barreiras com risco de deslizamento, a limpeza de galerias, a poda e supressão de árvores com risco de queda”, disse Palagani.
O monitoramento dessas áreas é realizado por técnicos especializados em suas áreas de atuação, a exemplo do geógrafo Walber Gama, que é doutor com especialização em áreas de risco. Em 2020 ele realizou um levantamento de algumas dessas áreas.
“O objetivo era atualizar algumas informações relacionadas a essas áreas. Identificar novos risco para minimizá-los”, explicou Gama.
Já o engenheiro civil, Victor Azevedo, especialista em estruturas é responsável pelas avaliações de danos estruturais de imóveis de Maceió. É ele quem identifica quais são os danos que essas estruturas sofreram pela ação do tempo, humana, ou ainda causados pelo afundamento do solo.
“Muitas vezes o morador busca fazer uma reforma em casa e por desconhecimento ou mesmo alegando questão de economia acaba comprometendo a estrutura do local onde mora. Muito embora, por conta da grande quantidade de áreas de risco que Maceió tem, as vezes esses danos podem ter sido causados pelos fatores naturais como a movimentação das encostas”, afirma o engenheiro.
Outro ponto de constante monitoramento pela Defesa Civil são os bairros afetados pelo afundamento do solo, que segundo a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), foi causado pelo colapso de minas em virtude da extração indiscriminada de sal-gema pela Braskem.
Nesse ponto o órgão é assistido por uma rede de monitoramento com equipamentos de sismógrafos, GPS diferencial e satélites que mostram as mínimas movimentações de solo. Nesse ponto, o órgão é assistido pelo geólogo Antonionni Gerrera, doutorando em geofísica e geodinâmica. Além de auxiliar com a leitura desses equipamentos, ele realiza vistorias periódicas nas áreas dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol, afetadas pelo problema bem como nas áreas de entorno do mapa.
“Essas vistorias são uma das etapas desse monitoramento, podendo referendar o que foi visto nesses equipamentos ou provocar um tipo de análise específica dos dados gerados por eles”, concluiu Gerrera.