O resultado alcançado por Alagoas supera inclusive a média nacional: em todo o Brasil, foram 312.535 matrículas na modalidade, o que significa o cumprimento de 64,49% da meta estabelecida pelo MEC para o país, que era de 484.606 estudantes inseridos na modalidade.
Em 2019, o estado teve 7.705 alunos no médio integral, o que equivale ao cumprimento de 70,56% do quantitativo estipulado pelo ministério.
Inserção - No final de janeiro, dados da primeira etapa do Censo Escolar 2020 também mostravam que Alagoas estava entre os cinco estados com a maior proporção de alunos da rede pública matriculados no ensino integral. Segundo o levantamento - que condensa os principais informes relativos às matrículas na Educação Básica no Brasil no ano de 2020 - na rede pública, o estado contava com o percentual de 25,3% dos estudantes do ensino médio inseridos no ensino integral, enquanto, no ensino fundamental, foram 13,1% matriculados nesta modalidade.
Esse resultado coloca Alagoas entre os estados do Brasil com o maior percentual de estudantes da rede pública matriculados no ensino integral: no que concerne ao ensino médio, é o quarto, ficando atrás apenas de Pernambuco (54,6%), Paraíba (45,9%) e Ceará (30,8%), enquanto, no ensino fundamental, é o quinto, sendo precedido pelo Ceará (28,5%), Piauí (16,3%), Tocantins (15,9%) e Maranhão (13,3%).
Comprometimento e planejamento – O supervisor de Ensino Médio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Daniel Macedo, comemora o resultado alcançado pela rede estadual alagoana. De acordo com ele, cumprir as metas de matrículas pactuadas nacionalmente é uma tarefa desafiadora, principalmente no ensino médio, onde ainda existe algum nível de resistência ao formato integral por parte das famílias, visto que muitas consideram que o jovem nesta faixa etária já pode colaborar com o orçamento do lar.
“Essa conquista se deve a uma equipe comprometida e a uma série de ações desenvolvidas pela rede estadual no sentido de ampliar matrículas e fortalecer a permanência do estudante na escola. Dentre elas, estão o Projeto SMS, com envio semanal de mensagens para os celulares dos estudantes e seus pais; Projeto Call Center, onde são feitas ligações telefônicas para os estudantes com registro de infrequência; divulgação do modelo integral em chamadas de rádio, material impresso, criação de site específico e a implantação do outdoor social, os quais são placas afixadas em muros de casas próximas às escolas de ensino integral”, enumera Macedo, lembrando que a Seduc também conta com a parceria do Instituto Sonho Grande nessas ações.
Daniel lembra ainda que o ensino integral possui mecanismos que foram favoráveis no enfrentamento aos obstáculos impostos pela pandemia.
“Os DOTS, docentes orientadores de turma, desempenharam um papel muito importante no sentido de minimizar as situações de estresse vivenciadas por causa da pandemia, pois não só acompanham a aprendizagem, mas também aspectos afetivos e emocionais do estudante, sua convivência na sociedade e seio familiar, buscando sempre o seu bem estar. Além disso, as ofertas eletivas, os projetos integradores, estudos orientadores são alguns dos diferenciais do Palei”, explica o supervisor.
Equipe, escola e comunidade – Gestores de escolas de ensino integral também celebram o resultado obtido pelo estado.
Com 560 alunos matriculados em 2020 só no ensino integral, a Escola Estadual Geraldo Melo, no conjunto Graciliano Ramos, em Maceió, oferta a modalidade desde 2016. Para a diretora Irineide Araújo, a procura diária por vagas é resultado da conquista da comunidade – atualmente, a unidade atrai alunos não só do Graciliano Ramos, mas também dos conjuntos Village Campestre, Acauã, Denisson Menezes, Gama Lins, dentre outras localidades.
“Costumamos dizer que somos mais do que uma escola, somos uma família. E por sermos uma família, entendemos que não podemos perder nenhum membro, tanto que, durante a pandemia, nossa busca ativa foi intensa e alcançamos 98% dos alunos. Esse ano estamos com 698 alunos no integral, que, quando somados às turmas de Educação de Jovens e Adultos, totalizam 1.123 matrículas. Isso mostra a nossa credibilidade junto à comunidade, tanto que 64% de nossos alunos deixaram a escola particular e se juntaram a nós”, relata a gestora.
Também na capital, mas no complexo Benedito Bentes, a Escola Estadual Eunice de Lemos Campos teve 558 estudantes matriculados no ensino integral em 2020 e, esse ano, o quantitativo já é de 620 alunos. Algo que se explica pelos fortes laços entre escola e comunidade, conforme explica a diretora Maria Gomes.
“Temos uma equipe unida e articulada, com um plano de ação bem detalhado e cujas metas foram atendidas em 100%. Promovemos acompanhamentos junto aos alunos e seus pais, os DOTS foram incansáveis na busca ativa. Os pais nos dizem que ficaram admirados com a atenção que seus filhos receberam da escola neste período de pandemia”, afirma Maria.
Crescimento- Desde que implantou o ensino integral em 2017, a Escola Estadual Senador Rui Palmeira, mais conhecida como Premen, em Arapiraca, viu seus índices educacionais melhorarem. Nas edições 2018 e 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), teve o melhor desempenho dentre as unidades de ensino da 5ª Gerência Regional de Educação (Gere)- que abrange Arapiraca e municípios vizinhos. No Enem 2019, foi ainda a escola estadual com a terceira melhor média no exame e ficou entre as dez melhores instituições públicas e privadas de Arapiraca com o melhor desempenho no exame.
No Índice do Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) não foi diferente, com sua nota passando de 3,8 em 2017 para 4,8 em 2019, um resultado superior ao que foi estipulado pelo MEC, que era de 4,2. A unidade é, por sinal, uma das 30 escolas estaduais de Alagoas que alcançaram uma posição superior à média nacional do ensino médio no IDEB, que foi de 4,2.