Eu não conheço em profundidade a vida do Átila Vieira, mas o que eu sei dele é suficiente para admirá-lo e lamentar, mais ainda, a sua morte.
Creio que tive o meu primeiro contato profissional com o jornalista que nos deixa ainda pela década de 1990. Então, Átila era muito jovem e já ajudava a tocar, com uma valentia doce e determinada, o Movimento de Meninos e Meninas de Ruas em Maceió.
Personagem raro, logo identifiquei.
Passei a acompanhá-lo, mesmo de longe, mas sempre buscando saber o que ele andava fazendo e como ia se virando.
Minha preocupação tinha fundamento: Átila havia sido alvo, e por mais de uma vez, de atentados criminosos, cometidos por gente que não aceitava que alguém se preocupasse e cuidasse de excluídos e marginalizados como se fossem irmãos de sangue, e justamente aqueles a quem parte da sociedade gostaria que não existissem, simplesmente.
Átila nunca deixou, e esse segredo ele leva com ele, que a sua coragem e sua determinação o abandonassem, assim como o seu sorriso (que está estampado na foto da matéria do TNH1 sobre a sua morte por Covid-19).
Já na década passada, via-o trabalhando com Heloísa Helena, de quem se tornara braço direito. Era o mesmo de sempre, firme e risonho.
Agora, perde Heloísa e perdemos nós, os alagoanos que acreditamos que uma boa causa social precisa de gente muito especial para enfrentá-la.
Era o caso do Átila, um sujeito muito maior do que aquilo que costumamos enxergar nas pessoas de alma larga, que carregam os sentimentos do mundo.