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04/07/2021 às 19h54min - Atualizada em 04/07/2021 às 19h54min

Estudo aponta desigualdade racial na educação em todas as faixas de renda

É o que apontam os resultados dos estudantes brasileiros no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), uma das principais provas avaliadoras do MEC

Rodrigo Maia e Larissa Coelho,
https://www.cnnbrasil.com.br/
Foto: Prefeitura de Guaíra/Divulgação

O número de estudantes pretos com desempenho adequado nas disciplinas de Português e Matemática é menor do que o percentual entre alunos brancos.

Os dados, compilados pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) a pedido da Fundação Lemann, indicam que a diferença de desempenho acontece mesmo quando são comparados apenas alunos brancos e pretos de alto nível socioeconômico.

No 5º ano, 74,8% dos alunos brancos de alto nível socioeconômico alcançaram bom desempenho em Língua Portuguesa. Entre os pretos com o mesmo nível socioeconômico nem a metade (48,9%) tem desempenho considerado adequado.


Esse resultado é presente em todos o Brasil, mas em alguns estados a disparidade é maior. No Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima, por exemplo, a maior parte dos quesitos avaliados têm diferenças de desempenho por raça.

Entre os fatores que contribuem para esse cenário, estão as desigualdades nas oportunidades e estímulos desde o início da vida escolar e o racismo presente neste percurso de aprendizagem.

Para Ernesto Faria, diretor-executivo do Iede, a diferença na aprendizagem não se deve apenas à questão socioeconômica. Segundo ele, ao ser minoria, o aluno preto sofre um deslocamento em relação aos demais.

“Diversas situações da escola, desde materiais didáticos a reforços positivos na escola, podem desestimular ou fazer uma criança preta a acreditar menos em si. Por não haver reforço positivo, referências negras, entre outros aspectos”, afirma Ernesto.

O diretor-executivo do Iede avalia ainda que a falta de estímulos positivos aos alunos pretos e a baixa expectativa de professores com esses estudantes são fatores que pioram o cenário.

“Professores e gestores escolares que conhecem poucos seus alunos muitas vezes avaliam seus alunos por meio de estereótipos ou até o que chamamos no meio acadêmico de discriminação estatística. Como alunos pretos têm média mais baixa, eles passam a ter uma expectativa mais baixa em relação a um aluno preto”, diz Ernesto.


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