O número de estudantes pretos com desempenho adequado nas disciplinas de Português e Matemática é menor do que o percentual entre alunos brancos.
Os dados, compilados pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) a pedido da Fundação Lemann, indicam que a diferença de desempenho acontece mesmo quando são comparados apenas alunos brancos e pretos de alto nível socioeconômico.
Esse resultado é presente em todos o Brasil, mas em alguns estados a disparidade é maior. No Amazonas, Rio Grande do Norte e Roraima, por exemplo, a maior parte dos quesitos avaliados têm diferenças de desempenho por raça.
Entre os fatores que contribuem para esse cenário, estão as desigualdades nas oportunidades e estímulos desde o início da vida escolar e o racismo presente neste percurso de aprendizagem.
Para Ernesto Faria, diretor-executivo do Iede, a diferença na aprendizagem não se deve apenas à questão socioeconômica. Segundo ele, ao ser minoria, o aluno preto sofre um deslocamento em relação aos demais.
“Diversas situações da escola, desde materiais didáticos a reforços positivos na escola, podem desestimular ou fazer uma criança preta a acreditar menos em si. Por não haver reforço positivo, referências negras, entre outros aspectos”, afirma Ernesto.
O diretor-executivo do Iede avalia ainda que a falta de estímulos positivos aos alunos pretos e a baixa expectativa de professores com esses estudantes são fatores que pioram o cenário.
“Professores e gestores escolares que conhecem poucos seus alunos muitas vezes avaliam seus alunos por meio de estereótipos ou até o que chamamos no meio acadêmico de discriminação estatística. Como alunos pretos têm média mais baixa, eles passam a ter uma expectativa mais baixa em relação a um aluno preto”, diz Ernesto.