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07/06/2021 às 21h47min - Atualizada em 07/06/2021 às 21h47min

Segurança que impediu mulher trans de usar banheiro feminino de shopping em Maceió é condenado por racismo

Mara Santos*
https://www.cadaminuto.com.br/
Foto: Reprodução

A Justiça alagoana condenou, por racismo, o segurança de um shopping, localizado na parte alta de Maceió, que impediu uma mulher trans de usar o banheiro feminino. O caso aconteceu em janeiro de 2020 e ganhou repercussão nacional, após vídeos, divulgados nas redes sociais, mostrarem jovem Lanna Hellen sendo retirada da praça de alimentação por seguranças do estabelecimento, depois que ela denunciou o fato.

A sentença foi publicada nesta segunda-feira (7) e proferida pelo juiz Igor Vieira de Figueiredo. O segurança, José Rui de Gois, foi condenado a um ano e seis meses de reclusão, em virtude da pratica de crime de racismo contra Lanna Hellen.

O magistrado também estipulou o pagamento de multa, “fixo a pena de multa em 60 (sessenta) dias-multa, cada um no valor de 1/20 do salário-mínimo vigente à época do fato”, diz trecho da sentença.

Segundo a sentença, o réu não tem antecedentes criminais e o crime não teve “consequências que ultrapassam aquelas comuns ao delito”, a pena deverá cumprida inicialmente em regime aberto. No entanto, o juiz substituiu a pena por prestações de serviços e pagamento de 10 salários mínimos para organizações que atuem em favor de causas LGBTI+ em Alagoas.

“Tratando-se de pena aplicada em patamar inferior a 4 (quatro) anos em crime cometido sem violência ou grave ameaça, nos termos dos arts. 44 e seguintes do CPB, substituo a pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de direito, quais sejam: 1) prestação de serviço a comunidade pelo prazo correspondente à pena aplicada (1 ano e 6 meses), durante 6 (seis) horas semanais em local definido pela juízo da execução; e 2) prestação pecuniária no valor de 10 (dez) salários mínimos a ser revertida, de acordo com determinação do juízo da execução, para grupo ou organização não governamental com atuação em Alagoas que atuem em favor da comunidade LBGTI+”, determina a sentença.

O caso

No dia 03 de janeiro de 2020, vídeos divulgados nas redes sociais mostravam a transexual Lanna Hellen manifestando sua indignação e sendo retirada de um shopping da parte alta de Maceió, após ter sido impedida de usar um dos banheiros femininos do estabelecimento.

Nas imagens, registradas por populares, Lanna Hellen narra, no interior do shopping, como forma de protesto, que teria sido retirada a força do banheiro por um segurança do local.

Em entrevista ao Cada Minuto, no dia 4 de janeiro, a jovem contou detalhes sobre a abordagem preconceituosa que sofreu: “Nunca passei por um constrangimento assim em um lugar público”, afirmou Lanna.

Na época, Lanna contou que o shopping alegou que uma cliente teria reclamado da presença dela no banheiro. Ela também afirmou que acionaria a justiça.

O caso envolvendo Lanna Hellen ganhou repercussão nacional e ficou entre os assuntos mais comentados no Twitter.  Houve mobilização de internautas contra a ação dos seguranças dos shoppings e ativistas e integrantes da comunidade LGBTI+ realizaram uma manifestação no interior do estabelecimento, dias depois do ocorrido.


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