Lira discursou após o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, conhecido como JHC (PL). O presidente da Câmara recebeu vaias assim que foi ao púlpito para proferir a fala.
— No dia de ontem (quinta-feira), um dia muito difícil, o meu pai, que muitos aplaudem e muitos vaiam, mas eu duvido que um morador que seja atendido por essas casas esteja vaiando hoje. Isso é uma falta de respeito. Isso é uma falta de respeito — disse Lira, mencionando o pai, o ex-senador Benedito de Lira (PP-AL), atual prefeito de Barra de São Miguel, no litoral de Alagoas.
Diante da reação do público, o presidente Lula deixou o local onde estava sentado e ficou em pé ao lado de Lira. Esse gesto costuma ser repetido pelo petista quando autoridades são vaiadas pelo público em ocasiões oficiais. Aliado do governo de Jair Bolsonaro (PL), Lira fez menção ao governo do ex-presidente quando elencou os governos que tocaram a obra do ‘Minha Casa, Minha Vida’, em Maceió
— O senador Biu (apelido de Benedito de Lira), que lutou junto comigo desde 2015 para que governo após governo e ministro após ministro, presidente após presidente, começou esse projeto da Lagoa, foi protocolado ainda no governo Dilma, selecionado no governo Temer, quase se perde e foi aprovado no governo Bolsonaro e hoje continua firme no governo Lula — lembrou o deputado.
Em sua fala, Lira lembrou que ”o ‘Minha Casa, Minha Vida’ é um projeto transversal porque o senhor, como eu e meu pai, que está no quarto de hospital porque ontem sofreu acidente e operou o fêmur, queria muito estar aqui. Em homenagem a ele, que entregou nove em cada 10 casas em Alagoas. Ninguém entregou mais casas em Alagoas do que o senador Benedito e o deputado Arthur Lira”.
— Mais do que vaias e aplausos, a função do parlamentar é trabalhar pelo seu estado, continuar aprovando matérias no Congresso Nacional, dar suporte para tudo que aconteça nas políticas públicas. E a Câmara dos Deputados faz o seu papel. O presidente Lula tem uma coisa parecida com o que eu faço e o meu pai faz: ele cuida das pessoas mais humildes — frisou o presidente da Câmara.
A solenidade contou com a participação do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e do ministro dos Transportes, Renan Filho, senador licenciado e ex-governador do Estado. Logo no início de seu discurso, Lula criticou a plateia, que proferiu as vaias, e classificou o ato como institucional.
— Aqui é um ato que não tem partido político, é institucional. É um ato que não é um ato que a gente vai fazer a disputa na eleição. Vai ter o momento que eu vou viajar algumas cidades para apoiar um candidato. A gente não vai estar junto em todos os lugares, mas a gente precisa apresentar a respeitar o ato quando é institucional — disse Lula.
Lula repetiu o tom adotado na quinta-feira, quando esteve em São José da Tapera, no interior alagoano, ao enaltecer a aprovação de projetos no Congresso Nacional.
— Senão, fica difícil para um presidente viajar para inaugurar coisas, porque as pessoas que vêm aqui são convidadas por nós. E ninguém leva ninguém na sua casa para ser vaiado ou mal tratado. É apenas uma questão de comportamento que me incomoda muito — acrescentou o presidente,
O presidente disse, ainda, que a reforma tributária e outros projetos tiveram apoio de Lira e dos líderes partidários.
— Se não fosse vocês, mesmo na adversidade, a gente não estaria aqui inaugurando esse conjunto habitacional — concluiu.