Este domingo (29) é o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido como derrame, doença que está entre as que mais matam no Brasil, além de causar incapacidades físicas. Alagoas, no entanto, foi pioneiro no país na criação de uma rede de cuidados exclusiva para tratar os pacientes acometidos pelo problema. O Governo do Estado criou, em agosto de 2021, o Programa AVC Dá Sinais, um aplicativo de telemedicina, que agiliza o diagnóstico e já foi o responsável por atender 3.482 alagoanos acometidos pela doença.
O programa é operacionalizado por profissionais de saúde, através do aplicativo Join, que possibilita a discussão dos casos de AVC por especialistas e o acesso aos exames de tomografia para a rápida tomada de decisões sobre o manejo clínico da doença. Além disso, os atendimentos também ocorrem pelo Sistema de Regulação Estadual (Sisreg), que informa para qual unidade o paciente será encaminhado.
De acordo com o coordenador da rede AVC Dá Sinais, neurologista Matheus Pires, antes da criação do programa, Alagoas só tinha em Maceió uma unidade de voltada para esse tipo de atendimento, a que funciona no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. Atualmente, a rede estadual de saúde conta com seis unidades de referência em funcionamento distribuídas pelo Estado.
“Hoje, temos como porta de entrada todas as UPAS [Unidades de Pronto Atendimento] do Estado, que estão conectadas com os hospitais de referência, tendo a possibilidade de ter suas situações discutidas com neurologistas em tempo real, pelo aplicativo Join. Temos disponível pelo SUS, tanto a trombólise, que é uma medicação feita na veia para reverter esses sintomas, e também a trombectomia, que é um cateterismo cerebral para retirar esse coágulo, visando melhorar os sintomas do paciente”, explica o médico neurologista.
José Delmiro / Ascom Sesau
Beneficiada
Diomar Cristina destaca que a rapidez no atendimento salvou a vida de sua mãe, Maria do Carmo, internada na Unidade de AVC do Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), em Maceió. “Minha mãe teve um AVC em casa e acionamos o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] para levá-la para a UPA e, de lá, ela foi encaminhada para o Hospital Metropolitano. Devido aos cuidados, ela está se recuperando. Foram rápidos em socorrê-la e agradeço a Deus e a todos do hospital”, relatou Diomar.
Outro paciente que está internado na unidade é o seu Jorge. “Tive um AVC e estou sendo tratado aqui no Metropolitano. O atendimento é muito bom, todos trabalham muito bem e eu já estou pronto para ir pra minha casa, voltar a minha rotina. Já me sinto ótimo e só tenho a agradecer pelo atendimento”, relatou.
A coordenadora da Unidade de AVC do HMA, neurologista Rebeca Teixeira, salienta que o hospital recebe por mês quase 40% dos pacientes com AVC agudo no Estado.
“Os pacientes com AVC agudo, que chegam aqui no hospital, normalmente vêm de UPAs ou de hospitais do interior. Quando eles têm um AVC que tem janela (tempo para tratamento na fase aguda), eles são encaminhados diretamente para tomografia, onde avaliamos em tempo real e decidimos qual tipo de tratamento esse paciente vai receber. Após a fase aguda é feita uma investigação, e aqui temos a reabilitação com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutrição, assistência social, psicóloga e depois o ambulatório de seguimento pós-AVC”, enfatizou a neurologista.
José Delmiro / Ascom Sesau
Ambulatório
Com o intuito de proporcionar a reabilitação dos pacientes, uma vez que o AVC pode deixar graves sequelas neurológicas, como desequilíbrio e dificuldade em falar e em deglutir, foi criado o Ambulatório Pós-AVC, no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), em Maceió. O intuito do ambulatório é dar continuidade ao tratamento para impedir a recorrência de um novo evento.
*Matéria publicada no jornal Tribuna do Sertão